No dia 26 de fevereiro, foi realizada uma palestra da roteirista Kaworu Kurosaki, esposa de Nobuhiro Watsuki, autor do renomado mangá Rurouni Kenshin, sobre produção de mangás. Mais de 300 espectadores lotaram o auditório da COPPE – UFRJ (que tinha capacidade para 250 pessoas).
O evento foi promovido em parceria da COPPE com o Consulado Geral do Japão no Rio de Janeiro e a Fundação Japão.
Os representantes do Notícias Anime United, eu, Lucas Souza, e Hellen Costa, fomos convidados, e muito bem recebidos, pela vice-cônsul, Michiko Shibata, a uma curta entrevista após a palestra de Kaworu Kurosaki.
Agradecemos também à intérprete Arai-sensei pela paciência e pelo carinho com o qual ela nos tratou. Obrigado também à Érica Calil Nogueira, organizadora do evento Anime Victory, também no Rio de Janeiro, por todo o auxílio no momento da entrevista.
Abaixo segue a entrevista:
NAU: Qual o impacto emocional e profissional que Rurouni Kenshin teve em sua vida?
Kaworu Kurosaki: Rurouni Kenshin teve um poder de influencia muito grande e é uma obra muito grande também. Eu acredito que dá mesma forma que as pessoas foram influenciadas por ela, eu também fui influenciada.
Emocionalmente falando, eu acho que Rurouni Kenshin é uma obra bastante complexa, e por ela ser uma obra bastante famosa, ela não é mais a nossa obra, ela não pertence mais a mim e ao Watsuki-sensei, ela é de todos, porque, a partir do mangá, do anime, novel e live-action, tudo faz com que cada pessoa que entre em contato com esse universo, denha uma ideia distinta de quem são os personagens Kenshin e Kaoru, então ela é bem complexa.
Então, como eu criei uma versão romanceada, eu precisei ficar atenta a todos os detalhes, e isso fez com que eu precisasse estudar bastante sobre os assuntos.
NAU: A senhora, mesmo não estando em um relacionamento conjugal com o Watsuki-sensei, estava relacionada ao mangá desde o início ou apenas depois de certo ponto?
Kaworu Kurosaki: Eu comecei a fazer parte da equipe no meio da produção. Como coincidentemente o nome da Kaoru, assim como eu, muitas pessoas pensam que é por minha causa, mas na verdade, não, foi simplesmente uma coincidência.
NAU: A senhora comentou em outro evento que Watsuki-sensei está produzindo um spin-off baseado em alguns personagens da série. Gostaria de saber se a senhora pode falar quais serão esses personagens e dar uma prévia do que pode ser preparado para gente.
Kaworu Kurosaki: (Risos) É segredo. O conteúdo eu, infelizmente, não poderei passar, é sigiloso. Mas a vontade de criar um spin-off existe. Eu acredito que em breve será lançado e será disponibilizado.
NAU: Como em setembro o mangá Rurouni Kenshin completa 20 anos, há algum planejamento para uma nova adaptação, uma continuação do anime ou algo especial para a comemoração?
Kaworu Kurosaki: Nossa! Vinte anos? Eu tinha me esquecido que fazia tanto tempo, estou impressionada. Bem, não há nada planejado, mas eu irei perguntar à editora se eles pretendem fazer alguma coisa.
NAU: Fora Rurouni Kenshin, Captain Tsubasa e alguns jogos que a senhora roteirizou. Quais são seus outros trabalhos?
Kaworu Kurosaki: A obra que eu mais gostei de participar foi o mangá de Busou Renkin. Essa foi uma das obras que deu mais trabalho e que me obrigou a estudar muito, mas ao mesmo tempo foi uma das obras, que eu fiz junto com o Watsuki, que eu mais gostei de fazer.
NAU: A senhora ou Watsuki-sensei tiveram alguma participação direta com a produção dos live-actions de Rurouni Kenshin?
Kaworu Kurosaki: A forma como eu tive envolvimento no primeiro live-action, foi fazendo sugestões do plot geral de como seria a história, enquanto um roteirista especializado em criar roteiro para cinemas, foi quem fez o script.
O roteiro de animes eu faço, porém, o roteiro de um filme live-action eu não tenho propriedade para fazer, então eu preferi que um profissional da área o fizesse.
E com relação ao conteúdo, ao enredo em si, tanto eu quanto Watsuki-sensei ficamos profundamente envolvidos.
Com relação ao segundo e o terceiro live-action, nos baseamos no sucesso do primeiro filme. Como nós vimos que deixar nas mãos de um profissional, o resultado era mais rápido e muito melhor, nos próximos filmes, tanto eu quanto Watsuki-sensei quase não nos envolvemos.
Tanto o mangá como a novel, são como se fossem nossos filhos, mas o anime e o live-action são como se fossem nossos netos. Tanto o filme quanto o anime, nós gostamos, amamos, mas não temos o trabalho de cuidar diretamente de sua produção.
NAU: A senhora teve dificuldade em algum momento da produção, tanto do mangá de Rurouni Kenshin quanto de seus outros trabalhos?
Kaworu Kurosaki: Dificuldades?! (risos) Bem, dificuldades têm-se em tudo na verdade. Eu diria que todos os processos são extremamente difíceis e dolorosos. O passo inicial do processo de produção de roteiros é muito trabalhoso, após esse passo, todos os outros são extremamente trabalhosos. Então, eu diria que tudo que envolve o processo de criação são muito difíceis.
NAU: Em sua opinião, como está o cenário atual de mangás no mundo, e qual mangá a senhora acha que se destaca?
Kaworu Kurosaki: Esse tipo de assunto genérico é muito difícil de responder, pois seria como prever quais as ações que irão ter alta. Eu não posso saber o que as pessoas vão responder e qual vai ser a reação das pessoas, se elas gostarão, ou não.
Mas tem animes que eu gosto. Como por exemplo, Yowamushi Pedal. Tanto eu como Watsuki-sensei recomendamos muito esse anime.
PS: Kaworu-sensei disse durante a palestra ser fã de Shingeki no Kyojin e ter como o personagem favorito o Cabo Rivaille, descrito por ela mesma como “o homem mais forte da humanidade”.
NAU: Qual o momento mais emocionante para a senhora no mangá de Rurouni Kenshin?
Bem, há dois momentos. Primeiro é quando a personagem Yumi morre, eu fiquei muito emocionada na sua morte. A outra é quando Kaoru dá as boas vindas à Kenshin quando ele retorna ao Dojo.
NAU: Gostaria de deixar um recado para os fãs de animes e mangás, e principalmente aos fãs de Rurouni Kenshin tanto no Brasil quanto no Rio de Janeiro?
Olá aos fãs de mangá e anime do Brasil! Eu tenho um recado pra vocês, primeiramente eu queria que os fãs de anime e mangá aprendessem a gostar do Japão através do contato com essas obras, isso me deixaria muito feliz. E eu também, como eu adoro o Brasil, sempre faço o esforço pra levar esse sentimento aos japoneses. Quando estou lá, sempre digo que eu gosto muito do Japão, e gostaria que vocês fizessem o mesmo, e que passassem a gostar ainda mais do Japão.
Durante a palestra foi perguntado quais os personagens favoritos de Kaworu na série Rurouni Kenshin. A roteirista respondeu que na época da produção do mangá, seu personagem favorito era Hajime Saitou, porém, hoje em dia, seu personagem favorito é Seijuro Hiko.
Em breve teremos material em vídeo da entrevista.
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