O Omelete fez uma entrevista com Diego Lima, diretor da dublagem de One Punch Man pela Netflix, que é bastante elogiada.
Durante a entrevista ele explica que o processo de dublagem de um anime requer um aprofundamento e adaptação da língua japonesa, mas ele também ressaltou que foi um alivio pegar um produto versátil como One Punch Man.
“Já dublei animes como Cavaleiros do Zodíaco Omega, Naruto Shippuden, Prince of Tennis, etc. One Punch Man é diferente, é um anime que critica os outros animes do ponto de vista de comédia, sem compromisso de arcos muito longos e customizável para cada país, e foi o que fizemos. O anime é um produto difícil por fazer parte de uma outra cultura, a japonesa. Não é uma animação tradicional que nem a americana, é um tipo de animação distinta.”
Nacionalização da obra
Como é uma obra fora do contexto nacional, é preciso “traduzir” o mundo em que se passa o anime, em relação a isso Diego diz o seguinte:
“Me convidaram para dirigir e explicaram o produto. Apesar de ser um anime, não se passa em uma cidade real, é universal por não ter uma localização definida. O fato de ser um anime de comédia também nos ajuda muito pois a comédia brasileira tem atores muito ricos. É um humor muito peculiar. Aí juntou um anime que era um meme ambulante de expressões riquíssimas com expressões brasileiras que podiam contemplar o entendimento.”
“Foi um processo muito tranquilo, tinha algumas determinações do cliente, mas tive liberdade e um elenco muito afinado, muito afim e sem a pressão de fazer um anime famoso, diferente de como é com Cavaleiros e Dragon Ball que são franquias muito bem definidas. Com One Punch Man, estávamos pintando em um quadro em branco”.
“Pesquisei bastante em fóruns e páginas para entender o que as pessoas queriam da dublagem, aí seguimos uma linha-mestre e apostamos em algo que as pessoas gostariam. Só não sabia que iam curtir tanto, isso nunca aconteceu antes comigo.”
Muitos dos fãs pela internet falam que a tradução descontraída criou uma espécie de Yu Yu Hakusho da nova geração. Diego comentou sobre a comparação e disse que o segredo para fazer algo apreciado pelo público brasileiro é justamente inspirar-se nas diversidades do país.
“Gosto muito da dublagem do Yu Yu Hakusho. Tem um trabalho magistral da direção e elenco, mas eram nos anos 90 quando não tinha isso de nicho e plataformas. Você tinha apenas TV aberta e TV a cabo, então você acaba com expressões datadas, que representavam o período que o Brasil vivia. Com One Punch Man tivemos uma preocupação de que todas as expressões, piadas e adaptações fossem atemporais, sem uma assinatura do sudeste brasileiro, com a pluralidade cultural brasileira. Tem expressões do norte e nordeste, outras mais usadas no Rio de Janeiro ou no sul. Acho que isso é uma grande diferença, mas quando as pessoas fazem essa comparação do ponto de vista de dublagem, fico muito feliz pois foram dois trabalhos de épocas e públicos diferentes que conseguiram vencer a barreira do preconceito da dublagem”
Preconceito com dublagem
Ele também falou sobre o preconceito com a dublagem no brasil:
“Há muitas mudanças na dublagem para o original, porque muitas vezes a dublagem é uma rampa de acesso para que as pessoas possam consumir aquele produto. Uma pessoa que fala três ou quatro idiomas, por exemplo, vai entender tanto quanto alguém que não tem tanta bagagem, que só sabe ler e escrever. Ambas poderão curtir e entender essa versão brasileira da mesma forma. Existe um preconceito com dublagem mas a nossa é uma das mais ricas, ao lado de França e alguns outros países. Nós adaptamos alguns termos e enriquecemos obras. Mesmo quando ficamos amarrados por diversos fatores que as pessoas nem imaginam, isso dá acesso ao produto para muitas pessoas. Isso em canais a cabo ou na Netflix, que recentemente divulgou que o público brasileiro prefere dublado.”
“Eu como dublador não defendo a dublagem, e sim a opção. Se a pessoa quer assistir legendado, ótimo. Prefere dublado? Ótimo desde que tenha uma excelente dublagem.”
Sinopse
Saitama, aparentemente um cara comum e nada impressionante, tem um passatempo bastante único: ser um herói. Para perseguir seu sonho de infância, ele treinou implacavelmente por três anos – e perdeu todo o cabelo no processo. Agora, Saitama é incrivelmente poderoso, tanto que nenhum inimigo pode vencê-lo na batalha. Na verdade, tudo o que é preciso para derrotar os malfeitores é um soco, isso levou a um problema inesperado, ele não é mais capaz de desfrutar a emoção de lutar e ficou completamente entediado.
One Punch Man é baseado na adaptação para mangá de Yusuke Murata da comedia original de mesmo nome de uma webcomic de ONE. O anime que originalmente foi ao ar entre outubro e dezembro de 2015, contou com 12 episódios pelo estúdio MadHouse e está disponível na Netflix. A segunda temporada já foi confirmada, mas ainda não há previsão de estreia. O mangá é publicado em território brasileiro pela editora Panini.
Fonte: Aqui!
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