A Crunchyroll, a principal plataforma de streaming de anime de propriedade da Sony, está sob inspeção por sua gestão de grandes títulos, incluindo One Piece e Dandadan.
Um relatório recente da Bloomberg, que inclui comentários de funcionários atuais e antigos, revela uma série de supostos erros do vice-presidente sênior da Crunchyroll, Markus Gerdemann, levando à insatisfação entre importantes licenciadores e editores japoneses.
Gerdemann, que se juntou à Crunchyroll após uma passagem pelo marketing da Netflix, enfrentou reclamações internas sobre seu estilo de gestão.
Dois funcionários registraram queixas no departamento de recursos humanos, um alegando comportamento sexista e outro acusando-o de criar um ambiente de trabalho hostil.
Enquanto a Sony investigava as alegações e inocentava Gerdemann da acusação de sexismo, sete funcionários atuais e antigos relataram que sua liderança impactou negativamente o moral dos funcionários e a estratégia de marketing da empresa.
Manuseio incorreto de One Piece e Dandadan
Em julho, a Crunchyroll organizou um show na Baía de San Diego durante a Comic-Con para celebrar One Piece.
Embora o evento tenha apresentado o navio icônico da franquia, o Going Merry, os participantes reclamaram que ele não estava devidamente iluminado, o que dificultava a visualização.
O evento, supervisionado por Markus Gerdemann, vice-presidente sênior de marketing da Crunchyroll, teria sido mal recebido pelos representantes da Toei Animation.
A Crunchyroll enfrentou ainda mais críticas pela falta de promoção de Dandadan, um título importante da Toho, que também está disponível na Netflix.
Em outubro, um e-mail de Gerdemann, visto pela Bloomberg, instruiu a equipe a não “se inclinar” a promover a série devido às discussões de aquisição em andamento.
A decisão surpreendeu muitos, já que Dandadan estreou como o segundo programa não falado em inglês mais assistido na Netflix, o que torna notável sua falta de atenção da Crunchyroll.
Relações tensas com editoras de mangá
A gestão dos direitos de comercialização pela Crunchyroll também se tornou um ponto de discórdia com grandes editoras japonesas, incluindo Shogakukan, Shueisha e Kodansha.
De acordo com funcionários nos EUA e no Japão, a Crunchyroll frequentemente produz e vende mercadorias, como actions figures e pôsteres, sem garantir as devidas aprovações. Essa prática supostamente irritou criadores de mangás proeminentes, que sentem que seus personagens estão sendo mal utilizados.
Para aumentar a controvérsia, alguns editores e criadores expressaram dúvidas sobre a confiabilidade dos relatórios de compartilhamento de receita da Crunchyroll, prejudicando ainda mais o relacionamento da empresa com seus parceiros japoneses.
Implicações mais amplas na indústria
Essas questões surgem em um momento crítico para a Sony, que recentemente aumentou sua participação na Kadokawa Corp. uma grande criadora de anime, para 10%.
A mudança faz parte da estratégia mais ampla da Sony para garantir mais conteúdo e fortalecer sua posição na distribuição global de anime.
No entanto, as relações tensas da Crunchyroll com os estúdios japoneses podem levar alguns a buscar parceiros alternativos, potencialmente enfraquecendo os objetivos de longo prazo da Sony.
Concorrência da Netflix e da Disney
A Toho e a Toei Animation, duas das maiores produtoras de anime do Japão, demonstraram um interesse crescente em trabalhar com concorrentes que possam atingir públicos mais amplos.
A Toho licenciou Beastars para a Netflix e adquiriu a distribuidora de animação GKIDS para distribuir filmes de forma independente nos EUA.
Enquanto isso, a Toei anunciou uma parceria com a Netflix para produzir e distribuir uma nova série de anime baseada em One Piece, dando continuidade ao sucesso de sua colaboração live-action. Mas isso não é tudo, a mudança significa uma tendência de mudança na indústria de streaming de anime.
Desde a aquisição da Crunchyroll pela Sony, a plataforma tem lutado para manter a exclusividade sobre títulos importantes.
A Netflix licenciou Jojo’s Bizarre Adventure, uma das séries mais populares da Crunchyroll, logo após a aquisição. A próxima temporada da série estava disponível exclusivamente na Netflix, sinalizando uma mudança no cenário do streaming.
Desde então, a Disney e a Netflix continuaram a superar a Crunchyroll em grandes títulos de anime.
A Disney garantiu os direitos exclusivos de Tokyo Revengers: Tenjiku Arc e outras séries de alto nível, enquanto a Netflix licenciou Dungeon Meshi (Delicious in Dungeon) e Little Witch Academia.
Além disso, uma pesquisa realizada pela Polygon no início deste ano revelou que 76% dos fãs de anime da Geração Z assistem a programas na Netflix, em comparação com 58% na Crunchyroll.
Em resposta, a Crunchyroll argumentou que compartilhar programas com plataformas tradicionais ajuda a ampliar o interesse do consumidor em anime, aumentando potencialmente sua base de assinantes.
A competição crescente elevou as taxas de licenciamento para programas japoneses populares “às alturas”, de acordo com trabalhadores da indústria de anime no Japão. E essas taxas crescentes podem impactar a lucratividade da Crunchyroll.
Além dos problemas mencionados no relatório, a Crunchyroll conseguiu irritar sua base de fãs – primeiro removendo conteúdo gerado pelo usuário, incluindo comentários da plataforma, e depois anunciando que o anime One Piece em breve passará a ter acesso pago.
Eles também ganharam fama pelo fiasco com o dublador David Wald, que criticou publicamente a gigante do streaming por abrir suas cartas de fãs e distribuí-las entre a equipe.
O último relatório sugere que, com a má gestão contínua, a Crunchyroll pode estar colocando em risco sua posição como plataforma líder de streaming de anime.
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