O Studio Ghibli virou tendência nas redes sociais, mas não pelo motivo que você imagina. Tudo é dirigido a uma colombiana chamada Geraldine Fernández Ruiz, que garantiu até ao último momento ter trabalhado com o Studio Ghibli na produção do premiado filme de Hayao Miyazaki, “Kimitachi wa Dou Ikiru ka (O Menino e a Garça)”.
🔴🔴🔴GERALDINE FERNÁNDEZ, Abudineo a los medios de Comunicación en Colombia🤣
Repitan conmigo:
-Por no investigar
-Por no investigar
-Por no investigar… pic.twitter.com/3uWtl8DPsP— 𝗪𝗜𝗟𝗦𝗢𝗡 𝗦𝗨𝗔𝗭𝗔 (@Wilson_Suaza_) January 16, 2024
Dada a globalização do anime e a necessidade dos estúdios contratarem mais pessoal de animação, o Japão recorreu à contratação de talentos estrangeiros para as suas produções. É cada vez mais comum usuários aparecerem no Twitter afirmando que trabalharam em uma produção de anime e mostrando os cortes (ou seja, as sequências) das quais participaram.
Porém, Geraldine Fernández Ruiz afirmou que trabalhou com o Studio Ghibli e que fez a incrível quantidade de “mais de 25 mil frames para o filme”, o que equivaleria a 35 minutos de filme. A partir daí, os internautas começaram a duvidar de sua história, mas a mídia se apressou em cobrir a notícia, praticamente implorando por uma entrevista.
El momento en el que Geraldine me dice que hizo los primeros 15 minutos de la película, nótese el orgullo y el brillo en sus ojos al comentarlo (esto es de la entrevista que no llegué a resubir… ¿debería, en vista del surrealismo?) pic.twitter.com/kOa07l46zK
— Pablo González (@Caith_Sith) January 16, 2024
Claro que os colombianos logo se orgulharam de um deles ter conseguido participar de um dos mais prestigiados estúdios de anime do Japão e sob a tutela do renomado diretor Hayao Miyazaki. Nas entrevistas em que participou, a mulher afirmou que “fez grande parte das animações do filme” e que era tão reconhecida dentro do estúdio que o próprio Hayao Miyazaki passou a se referir a ela como “a colombiana”.
Infelizmente para Geraldine, não estamos na década de 80, onde se podia dizer algo estúpido e não havia Internet para corroborar as informações. Plataformas como o IMDb são responsáveis por listar todo o pessoal que participa de um filme de animação e, como ele já foi lançado deste lado do oceano, os registros são ainda mais precisos. Assim, os internautas logo descobriram que, dentro da produção, não há ninguém com o nome “Geraldine Fernández Ruiz”.
Definitivamente Geraldine puso Colombia en el mapa, sí 😅
(Horas después me dijo que cuando vió la película con el resto del equipo, no estaban los créditos XD) pic.twitter.com/GmNVowfTet
— Pablo González (@Caith_Sith) January 16, 2024
Aliás, a produção de “Kimitachi wa Dou Ikiru ka (O Menino e a Garça)” conta apenas com dois animadores de fora do Japão, o que denota o esforço do Studio Ghibli em trabalhar apenas com talentos japoneses. Mas muitas pessoas não têm experiência suficiente na Internet e começaram a chamar de “invejosos” todos que acusavam Geraldine de contar mentiras.
A menos que ela tenha mudado de nome ou não tenha sido creditada por algum motivo, ela não existe nos créditos. Para referência, a lista completa dos animadores (são dois estrangeiros, mas nenhum corresponde ao nome).
Mas a mulher continuou com sua história e afirmou que compareceu à gala do Globo de Ouro, e lá muitos descobriram suas verdadeiras intenções. No seu comentário, a mulher começou por agradecer a um empresário colombiano por a ter apoiado na “sua carreira como artista”, revelando que o que procurava desde o início era elevar a reputação deste tema.
No final, a prova mais convincente veio de Julieta Colás, uma artista latina que vive no Japão e que acusou abertamente “a colombiana” de contar um monte de mentiras:
“Esta mulher tem dito que trabalhou em “O Menino e a Garça”. Ela conta que desenhou pessoalmente 25 mil frames para o filme da Colômbia e que Miyazaki até sabe o nome dela. Ela se autodenomina “ILUSTRADORA” o tempo todo. Ele nunca mostrou uma única ilustração. QUE OVOS PARA DEIXAR ASSIM‘, escreveu no Twitter.
E ela continuou: “Há mulheres latinas que realmente trabalharam na indústria de anime (eu sou uma delas e estou morando no Japão), e elas deram tudo de si (eu tenho uma lesão bastante grave), então que “Um dia vão aparecer esses tipos de SCAMMERS, desinformando todo mundo”.
A animadora Sakura Kayama também explicou sobre isso:
Sobre lo que dijo Geraldine Fernández que trabajó con “Ghibli”.
Aquí dejo a alguien sí ha trabajado en el Mundo del anime y es Colombo – Japonesa dando su opinión de la señorita Geral.Sakura Kayama
Ig: cherryrose323 pic.twitter.com/CXQr1qPeGG— Daniela (@DickTaduraa) January 16, 2024
Na verdade, também descobriram que todas as ilustrações e projetos dos quais Geraldine Fernández Ruiz afirmava ter participado e se vangloriado no Linkedin e no Instagram, ela havia, na verdade, roubado de outras contas de ilustração. É certamente motivo de orgulho quando um animador latino afirma e oferece provas que provam que participou numa produção de anime, um meio de entretenimento cada vez mais popular em todo o mundo.
Infelizmente, a América Latina mais uma vez caiu em desgraça com o mundo com esta atuação vergonhosa da “colombiana” e de todos os meios de comunicação que a tornaram viral sem se preocuparem em verificar nada.
feladaputagem