Desde 2016 venho buscando acompanhar obras diferenciadas, obras que possam agregar meu portfólio cultural das animações nipônicas, defino esse ano por ter conseguido assistir, o que na época para mim, era a trindade das grandes obras japonesas: Akira, Berserk (que na época era apenas o anime e não a adaptação de 1997) e Ghost in the Shell, claro que vendo hoje em dia, removeria Berserk e colocaria Gundam como a grande obra da era cult das animações da terra do sol nascente, afinal de contas, nessa última década vivemos num literal boom da mídia anime pelo mundo, ou se pensarmos bem é a consolidação da mesma.
Voltando a esse ano foi que comecei a assistir obras mais diferentes, como se Pokémon fosse algo alienígena, apesar que muita gente pensar que Sun and Moon é, mas não vamos falar da melhor temporada da obra após clássico, porque tenho um texto para exemplificar, fora que o tema de hoje é algo bastante diferente que precisei da ajuda da Bolinho para falar dessa obra, afinal de contas, ela fez a review de Raise wa Tanin ga Ii (Yakuza Fiancé: Raise wa Tanin ga Ii), é o anime que venho deixar minha opinião pessoal como contribuição nessa matéria e fazer uma comparação entre o que geralmente se espera em um Dark Romance.
Antes de tudo, devo definir em poucas palavras o que seria o “dark romance”; é um subgênero da literatura romântica que frequentemente explora temas como poder, obsessão, moralidade ambígua e redenção, colocando os personagens em situações de conflito ético ou emocional.
Nessas histórias, os protagonistas estão longe da figura terna e gentil costumeira dos romances populares e costumam ser figuras moralmente duvidosas, perigosas ou traumáticas, como criminosos, anti-heróis ou pessoas com passados obscuros.
No entanto, apesar de todas essas controvérsias, o dark romance vem conquistando uma base cada vez maior e mais sólida de fãs, pois sua maior atração está na tensão química, na paixão e na possível redenção do protagonista que serve o único propósito de ter em sua posse, a mulher amada. É uma corda bamba entre o perigo e o desejo, somando-se às envolventes narrativas e os conflitos incessantes.
Bolinho
Ainda assim, apesar de ser relativamente popular, este é um estilo mais característico de obras literárias ocidentais, pouco comum nos mangás/manhwas e animes que acompanhamos frequentemente.
Por isso fui tão instigada a partir do primeiro episódio de Yakuza Fiancé: Raise wa Tanin ga ii. É algo inédito nos romances clichês de sempre e a tensão explorada na sua estreia, juntamente com as imagens envolventes de sua opening, despertaram um grande interesse nessa mudança de ares.
Entretanto, talvez as expectativas se sobrepuseram à realidade e recebi algo muito diferente do que aguardava. Mas como falei tão bem de sua estreia, vieram até mim para saber qual é a desse “dark romance” e qual a minha opinião sobre o desenvolvimento do anime após minhas primeiras impressões meses atrás.
Josenilson
Como podem ver, chamei gente grande para ajudar, pois o anime me incomodou bastante sobre alguns pontos que serão apresentados a seguir, mas antes uma expectativa minha, ou nem tanto pois não esperava desse anime, da obra, Yakuza fiancé me atraiu por duas coisas, pois conheço um pouco sobre esse nicho, muito pelas minhas redes sociais, então meu conhecimento sobre a área era mínima, por isso minha curiosidade em querer acompanhar, e a dubladora da Somei Yoshino, pois Ueda Hitomi só possui uma personagem famosa: Gold Ship, se você acompanha Uma Musume sabe como é o temperamento da personagem, então a dubladora carrega bem a personagem.
Então vamos direto por questiona, digo o bate-papo, lembrete para aqueles tementes a fuga da regra culta, é um papo informal:
Josenilson:
Bem Bolinho, eu poderia começar realçando varias coisas da obra, mas serei direto: o kirishima é gostoso pra você?
Bolinho de Arroz:
A grande problemática dele é: ou tu gosta dela ou tu pega geral. Independente de estarem namorando ou não, se você se dispõe a ficar obcecado por uma mulher, deve ser leal a ela até o fim. As outras deixam de existir e só existe ela no mundo.
Óbvio que ele é bonitão e um bad boy que todas amam, mas seu desenvolvimento não está fazendo jus ao romance que as mulheres estão acostumadas.
É aquela: tu pode ser assassino, da yakuza, ladrão, pode mentir, pode gritar, etc. Só não pode trair.
Josenilson:
kkkkkkkkkkkkk, já posso imaginar, mas para mim, ele me irrita, mas pelo lado bad boy do que ele pegando geral; pois estou imaginando a yoshino como aquela mulher tão gostosa que faz os homens se curvarem a ela, até mesmo os mais cafajestes, pois o arco atual do anime me passou essa ideia(No fundo, eu quero casar, sim), pois to vendo o Raize, me lembra muito como aquele ecchi, mas para o publico feminino, pois todos os protagonistas masculinos são muito bonitos, dai me veio uma correlação com ecchis sabe, dai preciso de sua ajuda pra me corrigir nesse ponto.
Bolinho de Arroz:
Entendi. É porque ele é um anime relativamente “novo” nesse estilo de história. Mas de ecchi não tem nada. Eu classificaria como um josei, no máximo. A tensão entre os personagens é o maior atrativo. Ele pegar outras foi um erro, mas ele ficar obcecado por ela passa muito longe do ecchi. Acho até ele bem tranquilo, comparado aos que já conheci em outras obras. Muito sereno em várias atitudes.
Josenilson:
Eu coloquei ecchi como tensão sexual mesmo, pois homens possui pontos de tensão diferentes com as mulheres(aqui posso esta errado ok) mas a historia ta interessante, só incomoda o ex-machina do Kirishima mesmo
Bolinho de Arroz:
Ele é um dos protagonistas, não espero menos 😂
Josenilson:
Rapaz, o caba tem 16, ja comeu todo mundo(nos dois sentidos) e ainda por cima é controlador, talvez isso faz-me pensar q a Yoshino é foda, por conseguir bater de frente com ele
Bolinho de Arroz:
A parte do controlador é super normal para romances assim. Já li um de máfia com um casamento entre descendentes em que ambos queriam mandar e nenhum aceitava obedecer
Josenilson:
Alguma critica ao anime, além do kirishima
Bolinho de Arroz:
Achei fraco. Esperava mais cenas empolgantes ou românticas. Mas creio que esse defeito seja por culpa do protagonista. Dúvido que se fosse o bonitão do amigo dele, ela estaria dando sopa ainda sem umas pegadas de jeito 😂
Falta muito tempero
Josenilson:
Se fosse assim ela teria 13, pois começaria cedo controlar os caras.
Bolinho de Arroz:Kirishima é só papo. Atitudes foram pouquíssimas no que vi até agora. Um protagonista de dorama, que é super puritano, entrega mais paixão do que ele.
A parte mais fofinha dele foi ele cuidando dela doente e só. Grande parte da história foi cada um em seu canto e deixaram pra desenvolver o que interessava nos últimos episódios com eles namorando
Mas ele tinha que ser cadelinha por ela desde o segundo episódio. O primeiro episódio e a opening prometeram muito para o que realmente foi desenvolvido. Mas como eu não terminei, talvez haja algo nos últimos episódios que faça todo o resto valer à pena e interesse mais
Josenilson:
Ficaria muito jogado, pois faltam só 2 episódios
Bolinho de Arroz:
O último episódio geralmente sempre tem um clímax
Josenilson:
Mas dos lançamentos futuros desse estilo que você aconselharia?
Bolinho de Arroz:
Não estou sabendo de nenhum nesse estilo daqui para a frente. Mas também eu não sou uma fonte confiável para isso, pois gosto de ser pega de surpresa, por isso não busco me informar sobre as temporadas antes delas sairem
Josenilson:
Então vamos partir por mangos dos estilo, indicações?
Bolinho de Arroz:
Mas nesse estilo mais pesado não tem muitos mangás
Eu já vi gente recomendando “olgami(올가미/Trapped/Laço)”, mas ele é manhwa, geralmente esses romances quentes são mais comuns na cultura ocidental, em livros, por exemplo.
No máximo teremos novels com algo mais “picante”, tipo “quando o telefone toca”, mas são pessoas normais. Não membros de grupos criminosos super perigosos 😂
Mas para finalizar, deixo a análise final da bolinho sobre Raise wa Tanin ga Ii (Yakuza Fiancé):
Yakuza fiancé trabalhou bem em quesito de ação, mas deixou a desejar na parte do romance. A protagonista feminina (Yoshino) é bem resolvida, com um desenvolvimento de amadurecimento, mas o protagonista masculino (Kirishima) não faz juz ao que esperamos de romances nesse estilo mais “selvagem”.
O plot “romântico” perdeu a força e só conseguiu se recuperar no final, algo que fez cair meu interesse entre os episódios, porque tudo o que eu esperava, a cada episódio, era ver ele beijando o chão onde ela pisa. O casal, apesar de interagir bastante, tinha enredos quase separados e essa serenidade psicopata do Kirishima não atraiu tanto.
A Yoshino deve estar até hoje com dor nas costas, de tanto que sustentou a história desse anime, porque aquele que devia ser seu par romântico fazia mil coisas, menos desenrolar o enredo em conjunto.
Kirishima, quando resolve entrar em ação ou demonstrar amor pela Yoshino, se destaca bastante, e apesar de ser um psicopata, faz jus ao legado da yakuza e demonstra uma proteção excessiva com nossa protagonista (mas até que ele foi mais cuidadoso quando ela estava doente e isso foi o que gostaria de ter visto mais vezes). Infelizmente deixaram para desenvolver um enredo de casal justo no final, o que salvou apenas uma fração do anime ao todo.
Inclusive, sem querer entrar no mérito de ele era solteiro, podia ficar com quem quiser, devo dizer que o Kirishima era muito mais “papo” do que ação em relação aos seus sentimentos pela Yoshino. Homem cadelinha tem que ser cadelinha mesmo, sem compromisso oficial e ele sair pegando geral, mesmo ela sabendo e não se importando, diz muito mais sobre ele não querer perder a “masculinidade” e a “sensação de controle” dele do que outra coisa.
Mas é aquela, estou aqui tentando encontrar lógica e exigindo um bom desenvolvimento em uma série totalmente tóxica, portanto não existe muito do que reclamar. Ele era fofinho quando queria? Sim! Ele foi aquelas red flags gigantescas que precisamos sempre evitar e não romantizar? Também! Ele era protetor e obcecado por ela? Com toda a certeza.
Mas no geral ele deixou a desejar como protagonista de um dark romance (e digo mais: o amigo da protagonista, que aparecia bem menos, teria feito muito mais se tivesse a oportunidade).
Logo, se formos analisar por todos esses ângulos, Yakuza fiancé tinha um objetivo maior em desenvolver interações entre membros da yakuza e o submundo do crime do que realmente abordar algum tipo de romance.
Ambos os protagonistas são completamente fora da casinha e combinam muito bem no quesito “representar o perigo”, por isso suas interações eram mais voltadas para o campo das estratégias e um querendo sair por cima do outro.
Quem foi atrás de muita pegação (como eu), perdeu tempo, mas quando chegamos no final e paramos para analisar, o desenvolvimento para a ação foi bem mais satisfatório.
Aparentemente, através do mangá ainda em desenvolvimento, ele se torna um homem fiel após o início do namoro, mas a química, que deveríamos ter recebido antes desse relacionamento, foi totalmente ignorada. Ele é apenas um psicopata obcecado que só seguia a protagonista, dizendo “ama-la” e não fazia nada mais para merecer esse amor.
Tanto que ele não estava convencendo ninguém com essa paixão, nem a protagonista e nem o público. Mas no geral é isso, muito potencial desperdiçado, sobretudo para o estilo dark romance, porém ainda conseguimos extrair várias partes boas e não perder tanto tempo assistindo todos seus episódios.
Josenilson
Indo num ponto totalmente diferente da Bolinho, pois sendo direto, não gosto de romance, gera uma ideia de repulsa em mim por ser narrativas que buscam criar um ambiente irreal, sei que estou reclamando de obras de ficção, mas muito o que me incomoda nessas obra é justamente o ponto que muito delas acertam, que para usar o termo da Bolinho, o “plot” romance e talvez seja um ponto que acrescente ao meu desconforto ao assistir Yakuza fiancé.
O outro é o Kirishima, tirando isso o anime funciona bem para mim, pois é raro ver narrativas onde a protagonista é neta de Yakuza e não fica numa camada de proteção extrema, fora como falei, a Yoshino é interessante,pois mesmo tendo uma personalidade forte, não cai num clichê de tsundere, suas ações, até mesmo como o Kirishima, são bem lógicas e pensadas, afinal de contas desde pequena ela vive pisando em cacos de vidro para sobreviver, dai entendo a admiração do Kirishima a ela, mas não a obsessão, mesmo o anime abordando quase de episodicamente o perigo disso.
O universo da Yakuza sempre possuiu uma certa dileção ao publico geral, algo próximo a máfia italiana ou a tríade chinesa no aspecto do crime organizado, sendo romanceado pela grande midia, talvez o principal expoente seja série Like a Dragon (curiosidade off-topic: é a tradução em inglês do nome da produtora), mais conhecida pelos jogos Yakuza que vem ganhando uma grande popularidade no ocidente, talvez isso tenha influenciado para Yakuza Fiancé ganhar uma temporada pela sua proposta, pois pegando o imaginário publico desse tema para trabalhar sua trama romântica por cima.
Todavia, eu me surpreendi com quantidade de homens acompanhando a obra, pois como a Bolinho abordou, é uma obra parece ser da demografia Jousei (mulheres adultas), apesar de sair numa revista Seinen, então ver tanto cueca vendo a obra que é um romance, claro que uma coisa não exclui a outra, porém tirando a Yoshino, não há tanto colírio visual para essa homarada.
Antes de encerrar meu ponto quase esqueci de falar que Yakuza fiancé me lembra bastante Jojo, pois os designs esguios dos personagens remete o design recente do Araki; tirando isso, a obra consegue entregar de acordo com o possível suas ideias, tem ação, tem romance, tem tensão, porém, se tivesse outra obra parecida com uma produção superior, certamente Yakuza fiancé seria ignorada, contudo espero que seja um ótimo pontapé para outras narrativas parecidas atingir esse publico, que assim como eu, gosta de ver algo diferente.
Bem, é basicamente a minha opinião e da Bolinho sobre a obra, como pode ver não me alonguei muito, ela sim, que essa opinião não reflete o pensamento do site. Provavelmente não será a mesma da sua, então deixe nos comentários seu pensamento e lembrando que eu não xinguei ninguém, então façam o mesmo e até logo.
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