Sobre Raízes e Despedidas – Drifting Home Continue a nadar...

Bolinhodearroz
Ame wo Tsugeru Hyouryuu Danchi
©Studio Colorido / Ame wo Tsugeru Hyouryuu Danchi

Essa semana assisti Drifting Home (Ame wo Tsugeru Hyouryuu Danchi), que está disponível na Netflix, enquanto estou impossibilitada de me mover e devo dizer que esse filme levantou muitas questões em mim que ainda não havia pensado. Lançado no ano de 2022 pelo Studio Colorido (Nakitai Watashi wa Neko wo Kaburu, Taifuu no Noruda e Burn The Witch) e com direção de Ishida Hiroyasu, a trama principal ao mesmo tempo que confunde, também desperta emoções profundas em seu público.

Ame wo Tsugeru Hyouryuu Danchi
©Studio Colorido / Ame wo Tsugeru Hyouryuu Danchi

Sinopse:

O anime é centrado em Kousuke e sua amiga de infância Natsume. Os dois entraram recentemente na sexta série e estão entrando em uma fase estranha da amizade e começaram a se evitar. Um dia, durante as férias de verão, eles visitam um prédio de apartamentos que está prestes a ser demolido, onde os dois moravam. De repente, Kousuke, Natsume e seus amigos se envolvem em um estranho fenômeno e todo o edifício é cercado por um oceano. O grupo de amigos deve tentar encontrar o caminho de casa do prédio à deriva.

Ame wo Tsugeru Hyouryuu Danchi
©Studio Colorido / Ame wo Tsugeru Hyouryuu Danchi

Como dito pela sinopse, o longa-metragem é todo focado nas situações vividas por um grupo de crianças que se veem, repentinamente, à deriva em um prédio abandonado e todas as interações e reflexões daquele grupo. De maneira bem superficial, é possível analisar esse filme como uma história de aventura com crianças que precisam superar seus próprios medos, lidar com suas personalidades distintas e aprender com a grande dificuldade para superar os traumas e principais angústias.

As duas horas de filme passam aquela sensação de aventura e aflição que presenciamos em grande parte das obras de temas semelhantes, com início alegre, de tom infantilizado e em clima de diversão entre as crianças, até que tudo vira e se torna uma luta pela sobrevivência para voltar para casa vivos e que envolvia muito mais do que apenas boiar pelo mar aberto. Em relação as suas personalidades, podemos ver que, apesar de diferentes, aquelas crianças ainda tinham uma profunda ligação, compreensão e mesmo que possamos não simpatizar com uma em particular, são apenas crianças agindo como crianças.

Ame wo Tsugeru Hyouryuu Danchi
©Studio Colorido / Ame wo Tsugeru Hyouryuu Danchi

Quando observamos de uma forma mais técnica, percebemos como a trilha sonora é perfeitamente encaixada com toda a ambientação, passando a sensação exata que a produção quer em determinados momentos, seja de uma maneira mais divertida e empolgante, ou mais angustiante. A direção de arte é impecável, remetendo estilos clássicos das animações japonesas com toda uma percepção de grandeza e a imensidão da situação, além de cores vivas e ambientação que nos traz as sensações vividas pelos personagens, como: amizade, aventura, melancolia, amadurecimento e superação.

Mas, infelizmente, quando entra a direção geral, um pouco dessa sensação se dissipa na metade da narrativa, quando alguns elementos são perdidos ou inseridos de maneira bem superficial. Começamos entrando realmente na aventura e na situação, entendendo, mais ou menos, a reflexão geral da história, até que algumas partes vão se perdendo e não sendo muito bem exploradas da maneira como foram introduzidas. Inclusive chegam alguns momentos que não sabemos nem mais o que está acontecendo ali e nem como tudo vai “se consertar”.

Ame wo Tsugeru Hyouryuu Danchi
©Studio Colorido / Ame wo Tsugeru Hyouryuu Danchi

Entretanto, quando nos entregamos e nos permitimos entender a filosofia das relações e das evoluções implícitas nos personagens, a experiência não se torna ruim, nem tão cansativa. Enquanto isso, ainda falando sobre os personagens, o longa tanto foca neles que a narrativa inteira é construída a sua volta e na convivência trocada naqueles dias, por isso é um enredo de, praticamente (com exceção do início e do final), um único cenário. Essas relações e trocas acabam superando toda a história e nos prendendo para o que eles poderão tirar de conclusão ali, assim tornando toda a convivência desesperadora em um momento de amadurecimento em que simples crianças, de características e personalidades distintas, aprendem coisas importantes para a vida.

Levando isso em consideração, tudo o que acabamos imaginando é como tudo aquilo aconteceu e como poderá ser revertido, afinal é quase um apocalipse de água, mas os elementos fantasiosos se sobressaem e mostram como o foco está apenas no crescimento daquelas crianças e no desapego de seus medos.

Portanto, como podemos finalizar essa resenha de maneira satisfatória? É, obviamente, tentando expor um pouco da sua filosofia principal.

Ame wo Tsugeru Hyouryuu Danchi
©Studio Colorido / Ame wo Tsugeru Hyouryuu Danchi

Quando observamos os elementos narrativos, a situação geral e os aprendizados daquelas crianças, tudo o que podemos absorver é que se trata de uma história onde aprende-se a superar angústias do passado e desapegar das raízes fincadas no que ficou para trás. Natsume é uma garota que passou por inúmeras despedidas e tinha um passado triste, sem nada concreto em sua vida, até que ela conheceu a família de Kousuke e, finalmente, conseguiu formar raízes e se sentir pertencente, até os eventos tristes retornarem e ela, mais uma vez, se ver obrigada a despedir-se de mais alguém.

É apenas uma criança que enxerga seu mundo sendo levado todas as vezes, sem nenhum suporte fixo e sempre à deriva em relação a todas as outras pessoas do mundo. Metaforicamente e literalmente ela acaba afogada pelo seu passado precisando observar tudo se desfazer como se nunca fosse nada, até que essas raízes retornam e ela entende como a relação construída por anos ainda continua sendo tão importante a ponto de salva-lá da inundação.

Ame wo Tsugeru Hyouryuu Danchi
©Studio Colorido / Ame wo Tsugeru Hyouryuu Danchi

Mas, entendea, tudo o que digo aqui é apenas o que analisei após refletir bastante e ver outras cenas que demonstram a importância de criar raízes e sentir falta de um passado ao qual se sentia mais pertencente. É sobre isso: pertencimento, estabelecer raízes e entender o sentido das despedidas, nada mais. E, sem dar nenhum spoiler, posso dizer que o final é feliz e, ao contrário de quase todos os filmes que vi (e escrevi) e do que eu imaginei, esse longa metragem se encerra de uma maneira satisfatória e nada traumatizante.

Ame wo Tsugeru Hyouryuu Danchi
©Studio Colorido / Ame wo Tsugeru Hyouryuu Danchi

Por isso deixo aqui essa recomendação confusa, mas deixando um aviso para assistirem sem querer “refletir demais”, apenas sintam a vibe de toda a aventura e não pensando em detalhes técnicos. É uma sensação boa, no final, onde passamos muitas aflições e ansiedades para um desfecho que uma hora acaba chegando.

Então comentem se já assistiram esse filme e o que acharam, ou se meus comentários confusos deixaram alguma vontade de ver. Não se esqueçam também de compartilhar esse artigo em suas redes sociais e engajar os amigos a conhecerem nosso conteúdo. É tudo sempre bem-vindo!


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