OPINIÃO – Fetiche nos asiáticos? O mercado está sendo soberano no consumo de conteúdo, não um fetiche!

Josué Fraga Costa
(Redator)
Fetiche dos Asiáticos
©Fetiche dos Asiáticos

Outro dia pude assistir a um vídeo do YouTube com o tema, Porque fetichizam tanto a aparência asiática (e sua cultura)?, que deixarei aqui para vocês mesmos compreenderem o contexto deste texto, que será parte da discussão do assunto, e não será uma resposta convencional, ou um vídeo ‘react’, pois achei certos argumentos intrigantes, e que precisam de uma resposta objetiva.

E não, não quero que vocês leitores simplesmente ataquem e deem deslike em seu vídeo, como o autor foi respeitoso, acho que o mínimo é ser igualmente cordial na discussão.

Por várias vezes pude trazer aqui na Anime United o tópico da Guerra Cultural, pois é necessário conhecer melhor como as culturas funcionam, desde sua difusão, até as dinâmicas do dia-dia, para compreendermos o que está por trás delas, e chegar a um veredito de qual é a melhor, ou pior. E sim, não vá achando que existe cultura perfeita, mas há culturas que são melhores do que outras, por uma série de fatores.

O Intermediador
©O Intermediador

Resumo uma cultura em pelo menos cinco tópicos principais, sendo eles; a culinária, a escrita, o vestuário, a religião/crenças, e a arte.

Pois, pela culinária, você compreende não somente o que eles comem, mas os reflexos de sua saúde. A escrita relata tudo aquilo que existe na humanidade, incluindo os tópicos citados anteriormente, o que reflete o conhecimento daquele povo. Pelo vestuário, compreendemos como o ser humano conseguiu se adaptar naquele determinado ambiente, além de percebermos os vários aspectos daquele povo.

A religião/crenças nos mostram no que o povo acredita ou não, valores construídos, e seu impacto direto em aspectos de comportamento e costumes, e a arte demonstra a capacidade criativa, e resume bem o momento daquele povo, pelas músicas, esculturas, pinturas, e etc. E não é tão simples chegar a um denominador comum do que define uma boa cultura, sem antes analisar a união destes tópicos, e de seus subtópicos gerados nas discussões.

Dungeon Meshi
©Dungeon Meshi

E partindo do pressuposto de que não há cultura perfeita, já que o ser humano que a gera não é perfeito, você precisa aprofundar em muito mais conteúdo para chegar ao veredito, até mesmo, vivenciar e ter outros espectros de relatos para uma perspectiva mais justa sobre o tema.

E se tratando da cultura japonesa, bem como da cultura oriental em geral, pude desde bem moço ter contato direto, admiração e afeto pelos nipônicos, e por meio deste site, discutir de sua arte e o que está por trás dela.

Por várias vezes, denunciamos aqui as más condições de trabalho que animadores e roteiristas passaram, por conta de uma cultura de trabalho muito ácida que existe por lá há séculos.

Já falei de alguns podres do Japão, desde a invasão da península coreana, até o perfeccionismo e extrema honra cultivados pelos japoneses, ou mesmo o sepukku, que foi uma institucionalização do suicídio dentre os samurais, pensando ser melhor tirar a própria vida do que falhar em uma missão, e que infelizmente, foi carregado pela sociedade japonesa até os dias de hoje.

Mas, no vídeo em questão, mostra pouco dessa profundidade de situações, acaba atacando os estereótipos, com outros estereótipos.

Estúdios de Animação
©Estúdios de Animação

Primeiro, ele fala de aspectos gerais da atração do Ocidente pelo Oriente e suas várias culturas, mas começa falando da “estranha culinária de comer peixe cru”, sendo que os nórdicos também comiam peixes e outros pescados sem um cozimento, como bem mostrado pelo site viking style, e se formos falar de culinárias estranhas, teríamos de falar da língua de boi que há no Brasil, o escargot francês, e outras coisas mais exóticas que existem aqui no Ocidente.

Cita depois o exemplo do Blanka de Street Fight, alegando um “racismo” na composição do personagem, e está totalmente equivocado sobre essa colocação.

Logo após, afirma que o contato intenso com a cultura não faz mal, mas fica visivelmente indignado com pessoas pensarem que a cultura oriental é melhor do que a ocidental, por meio deste contato intenso com a cultura oriental, e mostra taxas de suicídio e uma matéria falando de “temática nazi**” em bares do Japão (como se células terroristas estivessem sendo preparadas). Vamos em partes.

Segundo a IASP (Associação Internacional pela Prevenção do Suicídio), mostra que uma a cada cem mortes (1,3%) são causadas por suicídio, por mais que seja triste, não é a maior causa de mortes e tão pouco, um problema capaz de gerar o caos em uma sociedade, seja ela onde for.

IASP
©IASP

Citei anteriormente o seppuku do Japão, mas o país está na 49ª posição em mais suicídios, e a Coreia do Sul na 12ª colocação (vale ressaltar que a Coreia do Sul é bem menor e tem bem menos população que o vizinho Japão), sendo que o top 10 no mundo é ocupado inteiramente por países africanos, onde o próprio IASP afirma que:

O suicídio ocorre em todas as regiões do mundo, no entanto, mais de três quartos (77%) dos suicídios globais em 2019 ocorreram em países de baixa e média renda”, e ainda coloca, “Embora a taxa global de suicídio esteja mostrando sinais de declínio, esse não é o caso em todos os países e pode ser um indicativo de maior vigilância ou acesso a dados.

Falar de suicídio é sempre muito sensível, mas precisa ter a abordagem correta, e já está mais do que na hora de tirar este estereótipo dos países asiáticos, aliás, a Ásia é tão vasta, que abrange 49 países e possui a maior população do planeta, com 4,561 bilhões de pessoas, e querer resumir o oriente ao Japão e Coreia do Sul, não me parece a melhor escolha de análise.

Neon Genesis Evangelion
©Neon Genesis Evangelion

E terminando a introdução, e sim, isto tudo até agora foi uma mera introdução, ele pensa mesmo que a cultura asiática estaria influenciando de maneira relevante a nossa sociedade, por mostras de que pessoas estariam fazendo procedimentos estéticos para se parecerem com os asiáticos.

Não é negando o fato de que há pessoas querendo isso, mas a amostragem é tão insignificante, que pensar na possibilidade de que o oriente estaria alterando nossa sociedade, é um pouco demais. Mas vamos aos pontos focais do vídeo.

O vídeo faz uma progressão temporal para mostrar como os asiáticos nos influenciaram, e começa citando que os estereótipos sobre a mulher asiática em ter uma “beleza e aparência remetiam a prazeres nunca antes concebidos”. Ora, ora, ora, se eu tiver de falar como minha origem familiar se deu, talvez seria um absurdo ao autor do vídeo, pois minha família é composta em parte de indígenas e quilombolas, que se toparam no caminho, e aqui estou.

E não precisa ser gênio para saber que, quando se encontra um aspecto biológico que não é habitual daquele local, o destaque para essas pessoas é inerente. Ele menciona que por meio da segunda guerra mundial e a guerra do Vietnã, estereótipos dos orientais foram promulgados, acentuado pelos problemas de prostituição envolvendo militares americanos.

Sono Bisque Doll wa Koi wo Suru
©Sono Bisque Doll wa Koi wo Suru

E permita-me discordar, mas não foi bem assim. Sim, a prostituição envolvendo militares é um problema bastante antigo, tão antigo de fato, que as legiões romanas encaravam isto há dois milênios atrás, mas a influência dos japoneses por aqui começou com os primeiros migrantes que escolheram nossas terras como seu lar no começo do século XX.

Ele menciona que houveram migrantes que vieram e voltaram ao Japão, alegando um preconceito com os primeiros migrantes, quando que a colônia japonesa se estabeleceu muito bem em nossa sociedade, eu mesmo entrevistei o decano do Kaikan, com mais de 90 anos de idade, que nasceu no Brasil e sendo filho de japoneses, que encarou sim a várias adversidades, mas que ao longo dos anos, tudo foi ficando melhor.

ANBG
©ANBG

E não só os japoneses, aqui em Goiás, há uma grande e respeitável comunidade italiana que migrou ao longo do século XX na cidade de Nova Veneza, com um conhecido festival gastronômico e artístico, e não só aqui, bem como em vários cantos do Brasil e do mundo. Vale ressaltar que o Brasil tem a maior colônia japonesa fora do Japão, e a 3ª maior colônia italiana fora da Itália, perdendo para os EUA e Argentina, que tiveram grandes ondas de migração, fugindo do regime diabólico de Mussolini.

Eu não tive contato com uma Nikkei na infância de maneira aleatória, ao longo de anos, várias comunidades estrangeiras se estabeleceram em vários países, inclusive em nosso Brasil.

Eu mesmo estudei com peruanos, bolivianos, japoneses, angolanos, uma verdadeira salada de frutas, e pelo menos na minha época, o preconceito quanto a nacionalidade do outro, não era algo.

Engeplus
©Engeplus

E não, não é verdadeiro que achamos as asiáticas exóticas como se fossem iguarias, até por quê, se é conhecido que as japonesas (que queiram namorar estrangeiros) preferem homens brancos e atléticos, e de preferência, americanos, e facilmente se encontra relatos disso no YouTube e em outros sites na Internet, estariam elas tendo um “fetiche”?

E não tem como falarmos da integração deles em nossas sociedades ocidentais que criaram figuras de destaque em nossa cultura, não é difícil vê-los por aqui, como japoneses, chineses, sul-coreanos, até tailandeses, como Alexander Albon, piloto da Williams na Fórmula 1. E sim, há homens no meio, e falar somente de uma “tara” por asiáticas, e ignoramos os homens asiáticos, é não falar do contexto completo.

As ’chinatowns’ existem em todo o planeta, em São Paulo, o Bairro da Liberdade é amplamente conhecido em todo o país pelos chineses e seus descendentes, com comércio forte e de grande apelo popular, outra face da influência direta dos asiáticos no Ocidente, não foi uma concepção errônea durante as guerras que fizeram a imagem que temos dos orientais.

Nós os aceitamos até bem, diferente de certos momentos na história, como o Levante dos Boxers (1899-1901), num levante anti-ocidental, onde certos asiáticos não aceitaram bem a cultura ocidental.

Levante dos Boxes
©Levante dos Boxes

Eu mesmo, já pude vivenciar e bem a cultura japonesa, por meio do Bon Odori que cobri pela Anime United em 2023, com entrevistas a membros do Kaikan (clube japonês), e visitantes que não tinham quaisquer ligações com o Oriente, assim como eu.

O evento que também tem um caráter religioso, possui um lado de diplomacia e intercâmbio muito fortes, para mostrar bem sobre as culturas nipônicas, ouso em dizer que foi uma experiência arrebatadora, pois por vários momentos, duvidei que estava no Brasil.

E isso não é coisa do ‘orientalismo’, que o autor do vídeo cita, os próprios asiáticos se conectaram com o resto do mundo, de um jeito cortês e muito diplomático, não existe apenas o Bon Odori e outros eventos, eles pulverizaram sua cultura na música, como o Psy, BabyMetal, que não só fazem sucesso na Internet, mas tem shows diversos pelo mundo, fora os animes, livros e etc. Até a Warner Bros, virá com uma animação de Senhor dos Anéis, animado e dirigido no Japão.

E a partir daqui, tenho certos receios de onde o vídeo estava indo, quando ele menciona o softpower, alegando que toda essa atração dos ocidentais pelo Oriente, era uma forma de conquistar poder sem os tradicionais meios militares.

O equívoco aqui é simples, pois, o conceito do softpower é parte de um todo, não somente há uma influência cultural, mas por meio dela, conseguir conquistar um povo e/ou territórios.

Bon Odori
©Bon Odori

Ele ainda fala que houve uma ‘revolução cultural’ por meio da cultura kawaii, como forma de combater os americanos e o sistema japonês, citando o artigo de Kumiko Sato intitulado: A Postwar Cultural History of Cuteness in Japan (Uma história cultural pós-guerra de fofura no Japão), quando que a própria autora do estudo menciona:

Ao contrário do kawaii dos anos 1980, como um mecanismo de autopiedade e escapismo, os derivados kawaii recentes são mais propensos a confundir nossa percepção de fofura em relação à violência, desafio e feiura”.

E o contexto aqui é sempre importante, o Japão saiu derrotado da Segunda Guerra Mundial, humilhado e arrependido por seus erros e crimes de guerra. Parece-me mais que o movimento kawaii tentou sim ser um movimento, mas para se afastar da imagem cruel, rude e violenta dos tempos de guerra, para destacar o pacifismo, e não algo contrário aos EUA.

JAB!
©JAB!

Até porquê, vale lembrar outro detalhe histórico, a constituição japonesa no pós-guerra foi feita diretamente pelos americanos, tirando o poder militar ofensivo e transformando as forças armadas imperiais japonesas em forças de defesa territorial, proibindo que vários tipos de armamento, equipamento e veículos, fossem possuídos e desenvolvidos pelos japoneses.

Tanto, que uma série de caças americanos foram fabricados sob licença no Japão, como o F-5, F-15, e outros equipamentos militares. Várias análises sobre este momento da história vão apontar que a mudança de personalidade nacional japonesa se dá exatamente por conta das consequências da segunda guerra mundial, como forma de alterar a percepção do Japão durante os tempos de guerra, e até os dias de hoje, o país é um dos principais aliados dos EUA.

Kumiko Sato
©Kumiko Sato

Não houve algo direcionado contra “valores tradicionais”, mais parece uma reação orgânica do que algo usado contra o “capitalismo”. Aliás, o autor fala que essa cultura seria ruim, mas as mulheres tiveram grande chances de vida por conta deste novo momento cultural no Japão, como a mangaká Rumiko Takahashi (Ranna ½, Urusei Yatsura, InuYasha), cantoras como Tatako Okamura, ficaram famosas e estabelecidas numa cultura muito conhecida por oprimir o espaço da mulher, isso há 40/50 anos atrás.

A coisa desandou quando no minuto 12:06, ele faz o seguinte comentário: “Mangás com protagonistas infantis, também refletiam a busca por essa identidade e rejeição ao capitalismo”, o que não faz o menor sentido, isso quando mostrava uma imagem de One Piece. Estou tendo flashbacks de um texto que fiz em 2023, o 33º texto na Anime United, quando falei de uma matéria muito tendenciosa de um jornalista inglês, falando exatamente com estes termos sobre a cultura japonesa.

Parece que há um engano constante quando se fala do sistema financeiro, que é o capitalismo, com políticas públicas em países onde esse sistema é pleno, como nos EUA. Mas além disso, falar que mangás com “personagens infantis” são uma rejeição ao capitalismo, é um pouco demais para mim. Até por quê, o mangá só é do jeito que é por conta da influência dos HQ’S americanos.

Urusei Yatsura
©Urusei Yatsura

Comparou ainda a ‘vilanização’ dos americanos aos russos (por meio da imagem de heróis americanos e vilões russos, que sejamos honestos, os russos faziam a mesma coisa), com o que os animes, mangás, músicas, e outros frutos culturais japoneses, para dominar o imaginário popular por aqui.

Ainda fala da cultura patriarcal coreana, e como as mulheres tentam uma imagem de fofura para se darem bem no mercado de trabalho, e novamente, a palavrinha chave aparece, patriarcal. Outra palavra que de tanto proferida, perdeu seu significado, por conta de discussões políticas imbecis de Internet.

E termina o vídeo colocando que essa cultura que nos vendem “não tem nada de belo”. Ele argumenta o ambiente de formação das idols, cantores do K-pop, e o quanto que isso mostra os podres que sustentam essa ‘indústria ruim’. O ruim aqui é, eu sou músico há 15 anos, e quando tocam na minha área, meus amigos, eu não me seguro.

GaijinPot
©GaijinPot

Primeiro, a cultura das idols tem origem bastante antiga, e quem viu a Kimetsu no Yaiba, especificamente o arco do Distrito da Luz Vermelha, viu que há uma concubina de topo, que é a personagem protegida por Tanjiro, Zenitsu e Inosuke.

Mulheres do tipo eram educadas fortemente na música, culinária, dança, escrita, postura, e outras etiquetas. Eram tidas como as mulheres de topo, pois eram naturalmente as mais belas, tinham dotes fortes, e por isso, cobiçada pelos homens.

A Idol moderna, sabe dançar, cantar, atuar, além de ser bonita, mas hoje, para ser de inspiração a outras mulheres, e para isso, abandonam completamente o EU de si próprias, para ser um referencial de pessoa.

Kimetsu no Yaiba
©Kimetsu no Yaiba

Não estamos falando aqui de escravidão, onde a pessoa é sequestrada e forçada a fazer o que não quer, e sim de alguém que se submete àquele propósito, com contrato, salário, e uma série de obrigações. Sim, é um ambiente tóxico, o também YouTuber e músico Régis Tadeu, mostrou com mais dados em um vídeo, como é a rotina de um k-poper, e as condições extremas que eles se sujeitam para a fama.

E se considerar que há artistas por lá, como o T-Square, Casiopea, e outros grupos musicais que foram um tremendo sucesso e de maneira convencional, realmente assusta ao ver o que idols e k-popers se sujeitam pela fama, mas, nós somos melhores?

Mencionei no começo do texto sobre o funk, e se você pesquisar sobre lavagem de dinheiro, apologia ao crime, aliciamento de menores e prostituição, você encontrará uma montanha de conteúdos mostrando o submundo do funk, fora os funkeiros mortos sem ‘motivo aparente’, como o MC Daleste.

Além das mensagens horríveis do sertanejo universitário, que depreciam as relações entre homem e mulher, objetificam a mulher, e não são poucas as confusões em shows deste gênero. Músicos como eu, quando queremos fazer covers em nossos instrumentos, ou trabalhar uma composição, estamos sem mercado, sem chances de atuação, e relegados a produções quaisquer, que não são aquilo que queremos na música.

Fora que, se você quer gravar num estúdio bom, dependendo de onde, se gasta até R$ 200,00 por uma hora e mixagem, instrumentos que custam pelo menos R$ 2.000,00 e chegam aos R$ 10.000,00 (no caso de baterias e pianos).

T-Square
©T-Square

Enquanto que os japoneses e sul-coreanos, disponibilizam um mercado musical muito vasto, para músicos, cantores, compositores e produtores musicais, e o acesso a cultura musical por lá é ampla e bem mais barata, já que nas escolas, há aulas de música, teatro, desenho, e por aí vai.

Não é falando que o mercado de k-pop não tem problemas gravíssimos, pois hoje, meia-dúzia realmente existem no gênero, enquanto muitos lutaram para alcançar a fama, e não conseguiram seguir no meio musical.

Mas o nosso cenário musical em nada inspira, e tão pouco é limpo, logo, falar que os orientais estão vendendo mentiras, é ignorar o cenário amplo (bigpicture) que é o cenário musical mais amplo do mundo no momento, já que o americano se perdeu no pop genérico, o country não é disseminado como antigamente, e o rock simplesmente não existe como anos atrás.

Quer um jazz? Ouça Lowland Jazz, que faz a abertura de Sentouin, Hakenshimasu! Quer fusion rock? Ouça BabyMetal, e o trio de garotas cantando o metalcore mais incrível e aleatório da música. A questão central deste argumento é um só, os asiáticos são os dominadores da cultura que o Ocidente consome por uma simples razão, MERCADO!

Olha o capitalismo malvadão de novo, mostrando que o consumo da cultura oriental é uma simples razão de mercado. Hoje, os animes são o conteúdo audiovisual mais adquirido por Netflix e Disney, e quem diria que a Disney, uma das pioneiras da animação mundial, seria relegada a comprar animações ao invés de produzir novas. Onde estão os curtas do Pateta, do Mickey, as séries do Tio Patinhas, os cartoons como Phineas e Ferb e Kim Possible?

Phineas e Ferb
©Phineas e Ferb

A Netlfix reduziu e muito suas produções independentes pelo fiasco contínuo e rejeição do público, veja o que aconteceu com o live action de Cowboy Bebop, menos de duas semanas após seu lançamento, anunciaram o cancelamento, pois profanaram um dos grandes títulos da animação japonesa, que foi produzido inteiramente pelo Ocidente, e sem a consulta dos produtores originais, o que mostrou as intenções da produtora.

O Ocidente aprovou leis e regulamentos proibindo o comercial de brinquedos e artigos infanto-juvenis, a qual custo? O mercado de cartoons morreu!

Não mais há desenhos na televisão aberta em lugar nenhum do Ocidente, e mesmo tentando proibir os animes, foram eles mesmos que fizeram o mercado de animações ocidentais ficarem no chinelo, pois enquanto o Ocidente se automutilou, os japoneses não deixaram seus valores e cultura de lado, e hoje, dominam o mercado, mesmo sendo bombardeados diariamente.

E os doramas, que conheço desde o meu começo de carreira musical em 2010, passou a ser conhecido pelas massas, com obras que não se curvaram ao politicamente correto do Ocidente e suas militâncias nefastas. O mercado foi soberano em escolher o que consumir e de quem consumir, e se não fosse o descaso do Ocidente com sua própria cultura, talvez a influência oriental não fosse tão bem-sucedida.

True Beauty
©True Beauty

Além de que o vídeo ainda aborda a Coreia do Norte contra a Coreia do Sul, onde o autor do vídeo tenta igualar moralmente a ambos os países. E não, meu querido, a Coreia do Sul não é um Cyberpunk 2077, não é uma utopia, pois uma utopia não há como ser colocada em prática, e a Coreia do Norte como 1984 de Eric Blair (vulgo George Orwell)?

O Ocidente mais parece isso do que o governo autoritário comunista, que nem permite que seus cidadãos saiam de lá, e veja que ele fala “uma comunista, e a outra, capitalista ao extremo”, vejam onde o extremo foi colocado. Basta ver quem tem liberdade econômica, religiosa, social, e quem está preso no passado com muita repressão ao indivíduo e suas liberdades.

Há muito mais o que se entender da cultura, e digo que, mistura-la com uma visão política, que claramente se dá contra o capitalismo por alguma razão, não fez sentido algum.

Consumimos a cultura oriental pois a nossa própria cultura não nos satisfaz, e mau subexiste, com fracassos empilhando nas produtoras. E da mesma forma que compramos carros do Japão, Alemanha, China, EUA, França, ao invés de carros de marcas brasileiras, já que elas não existem, é o mercado indo nas opções que estão disponíveis.

Komi-san wa Komyushou desu
©Komi-san wa Komyushou desu

Além de que, a cultura asiática não está sendo poluída com panfletarismo barato, tão pouco se submetendo a grupos sociais para atenderem agendas nefastas, e a variedade é outro ponto chave de seu sucesso.

Não há softpower, pois, até onde estou inteirado, os japoneses e sul-coreanos não querem tomar nossa cultura e território, já os chineses e norte coreanos… Bom, finalizo dizendo, cuidado para não misturar as bolas, e comecem a enxergar a realidade como ela é, o mercado (ou seja, nós) está mandando um recado claro, do porquê do sucesso asiático, e o fracasso do Ocidente!


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