O Incrível Circo Digital já tem um espaço reservado em minha lista de obras, e pude trazer algumas matérias aqui no site envolvendo o original da Glitch Productions, e autoria de Cooper Smith Goodwin. Certamente, é um dos grandes sucessos recentes de obras ocidentais, e tem enchido a Internet com cada vez mais discussões a respeito da obra.
A animação que está sendo exibida gratuitamente no YouTube oficial da Glitch, e entrou na grade da Netflix, já está em seu quarto episódio. E desde o texto em que analisei a obra, já se passou quase um ano, e três novos episódios foram lançados, e já dá para ter uma boa perspectiva do que podemos esperar da obra, e se compensa continuar a assistir, ou para quem ainda não conhece, se vale a pena descobri-la.
E devo dizer, não há nada comparável em termos gerais no mercado ocidental, e em termos do gênero que ele aborda, o terror/horror, fez o que Uzumaki não conseguiu na animação.
O primeiro detalhe que vale destacar, foi a capacidade técnica de entregar os episódios ao longo de um ano, já que o primeiro episódio foi lançado no dia 13 de outubro de 2023, e o segundo episódio demorou quase sete meses inteiros, lançado em maio de 2024, o que encheu o público de expectativas. Com o terceiro episódio tendo sido lançado no dia 4 de outubro, e o quarto somente dois meses depois, no dia 13 de dezembro.
E deu para notar que houve uma melhoria na qualidade da animação, principalmente na modelagem dos personagens, texturização e iluminação. Afinal, as mais de 362.432.702 visualizações do primeiro episódio, realmente trouxeram engajamento subsequente ao projeto de uma pequena produtora independente australiana, o que deve ter rendido bem a capacidade de financiamento da Glitch.
Este sendo o primeiro detalhe, a evolução do produto ante a sua base consumidora, e o visível cuidado com a obra que eles estão tendo. Foram longos 7 meses aguardando com várias teorias do que a obra poderia ser, e de como deveria decorrer, e agora, essa espera caiu para meros dois meses, o que não somente acumula o momento carregado, mas ainda estimula que novas pessoas acompanhem a obra.
Sobre o enredo em si, eu poderia falar que me surpreendi com o que foi feito, já que todo o background da obra tem bons fundamentos, mas sua continuação não trouxe surpresas, tentando dourar a pílula ou reinventar a roda. O enredo foi totalmente apresentado logo no primeiro episódio, junto de seus personagens e do cenário no qual seriam desenvolvidos, e os episódios seguintes, apensas continuaram de onde parou, o que é um bom presságio, já que Hazbin Hotel quando estreou na Amazon Prime Video, surpreendeu com as diferenças entre a primeira interação lançada no YouTube, o que não agradou parte de seu público.
Jax continuou sendo o idiota e irrante do grupo, Pomni e sua visível ansiedade misturada com medo, Kingo com sua loucura controlada, Zooble e sua impaciência e desinteresse, Gangle e sua fragilidade com suas emoções, e a aleatoriedade de Caim. Fora do mais óbvio, deu para ver que a obra não é uma repetição do primeiro episódio, onde dava a entender que a cada novo episódio, um dos personagens enlouqueceria e seria abstraído, como ocorreu com o palhaço Kaufmo.
Aliás, o horror aqui começou a ser desenvolvido mais profundamente a partir do quarto episódio, e aqui vimos o verdadeiro tom que a obra está se consolidando, como o livro no qual sua autora se inspirou, I Have No Mouth, and I Must Scream (Não tenho boca e preciso gritar). Em cada um dos episódios, já se sabe que a autora quer desenvolver a linha de cada um dos personagens nas mais variadas situações, o que me parece ser uma escolha racional, já que a Pomni não será o único destaque dentre os personagens, o protagonismo compartilhado dá um toque de variedade na obra, assim como no livro.
Essa variedade é um bom toque para a obra, pois explora um potencial ainda maior do que somente desenvolver um ponto de todo o enredo. Quantos animes não fizeram um universo abarrotado de personagens diferentes, como em Naruto, e só exploraram uma fração do escopo total de personagens? E com seis personagens em foco, mais a IA maluca que é Caim, é bom ver que cada um dos personagens terá uma devida abordagem em cada episódio.
Não só os cenários nos quais as aventuras geradas por Caim mudam, mas a tonalidade com que cada episódio ocorre também, é um bom detalhe demonstrado na produção da obra. No segundo episódio da série, Pomni fica presa no mapa de testes, junto a um NPC da aventura, e há uma temática forte sobre o sentido da existência, onde o colorido dá lugar a um roxo, e com todos os NPC em moldes, que mostra como o mundo de O Incrível Circo Digital funciona.
No terceiro, Kingo tem sua persona revelada e desenvolvida, mostrando mais de personagens anteriores a chegada da Pomni. E Caim começa a ter um fio da meada explorada, já que conversando diretamente com Zooble, mais revelações do mundo da obra são colocadas. No quarto episódio, Gangle e sua personalidade frágil é explorada com certos elos se fechando, como o fato de que NPC’s podem ser reutilizados, como dito no segundo episódio.
No geral, acredito que o roteiro está rumando por bons caminhos, principalmente no andamento dos episódios, que não é repetitivo, já que até aqui, vimos parte do que ocorre com alguns personagens. As aventuras servem como meros pivôs para revelar o cerne de cada personagem, e há de ser destacado o bom trabalho que estão fazendo com cada episódio.
A linha do horror de estar trancafiado num mundo que lhe faz sofrer sem fim, e sem a perspectiva de liberdade, foi bem apresentada e está sendo bem desenvolvida. O terror tem sido bem colocado, não sendo algo presente a todo o momento, como quando a Raghata olha para Gangle e vê uma imagem assustadora, no quarto episódio, o que ajuda a não tornar a obra previsível.
Outros detalhes que pareciam ser mera composição da obra, os bugs, estão se incorporando mais à obra. Quando Caim foi confrontado por Zooble, quase que o mundo digital se desfez, e outra vez no quarto episódio, Caim novamente volta a ter falhas maiores, seria este o desfecho para a tão sonhada saída que Pomni tem buscado? Aliás, a saída só foi abordada no primeiro episódio, e ainda não foi abordada mais profundamente, seria parte do horror da obra?
Uma coisa que posso afirmar com certeza, é que a saga está entregando entretenimento muito bem ao espectador. A estória não está maçante ou deixando pontas soltas, a qualidade gráfica está visivelmente melhorando desde o primeiro episódio, e o ar de mistério, sendo uma obra totalmente original, está me estimulando a acompanhar cada vez mais a obra.
Caso você ainda não conheça, e se está pensando em colocar algo de diferente em sua lista de animações, eu recomendo a dar uma chance válida para O Incrível Circo Digital, certamente, não há animações (me arrisco a dizer até as do Japão) com este tipo de horror e terror, o que acaba sendo uma novidade que você esteja procurando.
Para quem já assistiu, as raízes do primeiro e muito bem-sucedido episódio continuam intactas nos episódios seguintes, e o melhor de tudo, a demora entre os episódios tem caído bastante, ou seja, a ansiedade por novidades não vai te angustiar, e a entrega nos episódios de um bom trabalho, é notória!
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