Kotonoha no Niwa (The Garden of Words) pode até ser só mais um filme de romance feito para nos emocionar, mas ele ainda tem muito a oferecer e hoje vamos debater sobre isso.
Sinopse:
Em uma manhã chuvosa em Tóquio, Takao Akizuki, um aspirante a sapateiro, decide faltar à aula para fazer desenhos em um lindo jardim. É aqui que ele conhece Yukari Yukino, uma mulher linda, mas misteriosa, pela primeira vez. Oferecendo-se para fazer seus novos sapatos, Takao continua a encontrar Yukari durante a estação das chuvas e, mesmo sem perceber, os dois podem aliviar as preocupações escondidas em seus corações apenas por estarem juntos. No entanto, suas lutas pessoais não desapareceram completamente e, à medida que o fim da estação das chuvas se aproxima, seu relacionamento será posto à prova.
Feito em 2013 pelo estúdio CoMix Wave Films, Kotonoha no Niwa é bem curtinho, com seus 45 minutos, mas podemos refletir muito nesse pouco tempo. Como podemos perceber pela sinopse, o enredo se baseia em momentos compartilhados sob a chuva em uma paisagem belíssima de fundo. De início parece que tudo corre muito rápido, visto que o filme mal começa e eles já estão bem próximos, como se muitos dias houvessem passado, mas depois dá para entender mais e acompanhar todo o ritmo da história.
Toda a estrutura narrativa também vai se desenrolando, também, de uma maneira bem fluída de modo que os acontecimentos vão surgindo e a história de vida dos dois personagens vai também sendo apresentada para contextualizá-los melhor e para que possamos entender suas personalidades e como eles chegaram até aquele momento. Sendo assim, mesmo que tudo comece tão “de repente”, o filme vai nos mostrando que existe muito mais por trás de tudo aquilo do que apenas duas pessoas se conhecendo e interagindo entre si.
E é graças a essas introduções que podemos sacar rapidamente o que realmente está acontecendo, já que ali são duas pessoas que, aparentemente, são completamente diferentes, mas que possuem algo em comum (que vocês descobrirão se assistirem).
Porém existe algo nessa história de conhecimento mútuo e de partilha de momentos que está além do que pensamos. Ele é um garoto de 15 anos e ela uma mulher de 27, ambos só continuam se encontrando naquele local, sob a chuva frequente, e ignoram esse detalhe para se tornarem companheiros de momentos. E, como muitos romances japoneses que conhecemos, não é preciso que os personagens se toquem e se beijem para que um amor nasça e que entendamos que ali está surgindo um sentimento mútuo.
O carinho entre ambos vai surgindo e se alimentando lentamente até chegar no clímax da revelação final e eles entenderem a magnitude daquele relacionamento que nem havia começado direito, mas já deveria chegar ao fim. No entanto, essa não é nem de longe a trama foco ali, pois esse amor mútuo foi apenas uma consequência do relacionamento que eles criaram nesses breves momentos juntos. Cada um tinha uma vida e eles não deixaram de vivê-las para estarem juntos, apenas se encontravam ocasionalmente, porém essas vidas foram finalmente preenchidas e passaram a significar algo por meio dessa interação não planejada.
Akizuki, um garoto que vivia com o irmão, não sabia muito se poderia seguir seus sonhos, mas continuava planejando se tornar um design de sapatos e poder sair daquele lugar pequeno. Enquanto que Yukino era uma mulher que passou por muitos problemas que afetaram seu psicológico de uma maneira extremamente negativa, onde ela buscava se reerguer para seguir a vida a cada dia que passava. Assim eles acabam cruzando caminhos e a persistência dele e a compreensão dela fizeram com que se completassem de alguma forma.
Com o decorrer do tempo e as revelações que vão surgindo, começamos até a entender que todo aquele amor estava legalmente errado de alguma forma, mas toda a estética da história e o carinho que nasceu ali faz com que nos apeguemos mesmo sabendo que aquilo não teria nenhum futuro para a sociedade. Akizuki se mostrou até muito maduro para sua idade e por mais que tivesse seus momentos de impulsividade, ele estava sempre focado no seu objetivo e determinado a seguir em frente nos seus sentimentos por Yukino. Ela foi o centro de toda a sua evolução e ele foi o auxílio que ela precisava para superar tudo o que passou (embora fosse bem irônico como ela chegou nesse problema e como conseguiu voltar a viver).
Já em relação aos quesitos técnicos, eu sempre fico fascinada com a excelente qualidade e a carga de detalhes existentes em grande parte dos filmes japoneses de animação, sobretudo os de romance, onde o enquadramento de cenas e a riqueza dos cenários se completam perfeitamente com a linda história que segue. E Kotonoha no Niwa não foi uma exceção, pois tudo ali é tão magnifico que você não sabe se admira a paisagem ou a dinâmica entre os dois personagens principais.
A trilha sonora também traz uma carga emocional maior durante todo o decorrer do filme, mesclando-se como uma obra de arte com todo o design impecável de animação, sobretudo no final, onde ainda estamos processando tudo o que aconteceu. Assim essa é mais uma obra cinematográfica que merece muito mais atenção e muito mais divulgação pela sua mensagem e todos os detalhes perfeitamente balanceados.
Ela era só uma professora em depressão, querendo desistir de tudo e ele um garoto sonhador que almejava chegar muito longe, ambos se descobriram totalmente por acaso e conseguiram, por gestos e conversas simples sob a chuva, florescer um amor impossível.
Agora, para finalizar, deixem aí nos comentários suas impressões sobre esse filme ou se também nunca ouviram falar. Assim, para aqueles que nunca tiveram a experiência, recomendo fortemente que deem uma chance, pois quem curte um bom romance pode gostar bastante.
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