Tenho o costume de falar, na maioria dos textos, sobre animes, animes e animes. Porém, dessa vez, decidi fazer algo diferente, por um ótimo motivo, que explicarei a vocês. Na busca por um mangá novo para ler (que não tivesse anime feito, nem sendo produzido), acabei me deparando, pra minha grata surpresa, com o ótimo Kaiju No.8. Com um enredo interessante, um ótimo senso de humor e uma boa dose de ação, o novo mangá da Shonen Jump, merece e muito a nossa atenção. Abaixo, falarei de alguns pontos do mangá.
1 – Shonen Jump
Weekly Shonen Jump é uma revista semanal de mangás japonesa, publicada pela editora Shueisha. A primeira edição foi lançada com a data de 1º de agosto de 1968 em sua capa. As séries de mangás dentro da revista tem como público alvo masculino, voltadas a cenas de ação com pitadas de comédia. Entre os títulos mais famoso da revista estão Dragon Ball, Naruto, Toriko, One Piece, Rurouni Kenshin, JoJo’s Bizarre Adventure, Shaman King, Hunter × Hunter, Yu-Gi-Oh, Yu Yu Hakusho, Saint Seiya, Bleach, Death Note, D.Gray-Man, Katekyo Hitman REBORN!, Gintama, Bakuman, Beelzebub, My Hero Academia, Black Clover.
Porém, Kaiju No.8, mesmo fazendo parte do catálogo de mangás da empresa, não chegou a ser publicado na revista semanal. É aqui que entra a Jump Plus, aplicativo oficial da Shonen Jump, que tem lançando várias obras bem interessantes, que por algum motivo não foram lançadas na revista semanal. Um desses novos lançamentos foi Kaiju No.8, de Naoya Matsumoto, um autor não muito conhecido, que já havia lançado outras séries na Jump Plus (Neko Wappa! e Pochi Kuro).
2 – Enredo e recepção
Numa cidade que é frequentemente atacada por Kaijus (grandes monstros), um homem de 32 anos se vê infeliz no seu medíocre trabalho de limpeza profissional de restos dessas criaturas. Kafka Hibino sonha em trabalhar na Tropa de Defesa do Japão, até que um dia ele se envolve em um evento inesperado…
Misturando a temática de Kaijus com uma pegada de Damage Control — quadrinho da Marvel sobre limpadores de destroços — Matsumoto parece ter acertado em cheio na sua terceira tentativa de emplacar uma história no tão concorrido mercado japonês.
A obra chama bastante atenção, justamente por não focar, de início, em grandes heróis e toda a aura que gira em sua volta. Pelo contrário, o foco de Kaiju No.8 é outro: Quem limpa a sujeira deixada pela batalha contra os Kaijus.
O mais puro lado B, 99% das vezes, não mostrado, é o que mais me encanta nessa série. Apesar de não ser original, é algo muito pouco explorado e que pode ser bastante “espremido”. Naoya Matsumoto consegue criar um universo já bem explorado por várias outras obras e entrega algo diferente, o que deixa tudo mais especial.
E tudo isso foi bastante recompensado. Os editores para essa nova série, decidiram investir pesado na publicidade, convidando autores veteranos para desenharem os personagens. O resultado? Kaiju No.8 já se tornou um dos mangá mais lidos da Jump+, ultrapassando a marca de 2 milhões de visualizações em seu primeiro capítulo e ficando em 1º lugar dos Trending Topics no Twitter japonês.
3 – Desenvolvimento da trama e protagonistas
Acho uma delícia quando a história parece não ter pressa de te explicar tudo e vai fazendo isso pausadamente, com a velocidade correta. Esse é o sentimento que tenho com Kaiju No.8 até o presente momento. Somos levados a termos curiosidade sobre a origem de Kafka (protagonista), suas motivações; o que fez com que ele se tornasse um limpador de Kaijus e etc… Também temos, Reno Ichikawa, que traz bastante alivio cômico as cenas em que está junto a Kafka (QUE DUPLA KKK). Muito provavelmente o personagem também será melhor trabalhado e desenvolvido, mas, para uma série que ainda possui apenas 14 capítulos, está tudo muito bem encaminhado.
Gosto de como os flashbacks são bem trabalhados sem entregar todo o conteúdo. São utilizados de maneira inteligente, sem criar uma pausa na história principal. Eles são utilizados para acrescentar e fazer a história andar sem criar aquela sensação de desnecessário a trama. Muito pelo contrário, os flashbacks são totalmente necessários para o desenvolvimento dos personagens.
A arte do mangá também me agradou bastante. Bem limpa e detalhada, com páginas que geram o mais puro deleite aos fãs de traços bem feitos. Pra quem gosta de observar cada detalhe colocado nas cenas, fique à vontade.
O melhor pra mim, é que o mangá não esquece do seu eixo principal ao longo que a história vai sendo desenvolvida. Não há o esquecimento de que Kafka e Ichikawa são limpadores de Kaijus. Vira e mexe, de alguma maneira, isso é recolocado na história e os personagens usam proveito de seus aprendizados no trabalho para se saírem bem em diversas situações.
4 – A relação Japão x Kaijus
O Japão ama Kaijus. Isso é um fato. Mas você sabe de onde surgiu essa paixão e o que significa Kaiju?
A palavra Kaiju, se traduz, literalmente, por “besta estranha”, “animal incomum”, mas que muitas vezes é traduzida apenas como “monstro”. Originalmente, o termo é utilizado para se referir aos personagens do gênero tokusatsu (filmes ou séries com utilização de efeitos especiais, como: Jaspion, Kamen Rider e outros).
Os Kaijus, podem ser tanto uma criatura de ficção científica como de fantasia; pode ser tanto um protagonista, quanto um antagonista ou simplesmente uma força da natureza. Foi somente com o próprio Godzilla de Ishiro Honda, em 1954, que se pode dizer que monstros gigantes se tornaram objeto de interesse da cultura pop local.
A paixão japonesa pelos Kaijus, muito se deve pelo trauma existente com forma que o país foi afetado durante e após a Segunda Guerra Mundial, em 1945. A grande verdade é que existe um Japão pré-guerra e um Japão pós guerra.
Quando Godzilla foi lançado, o Japão vivia sua recuperação pós-guerra mundial depois dos ataques a Hiroshima e Nagasaki e lidava com a ocupação americana. O filme fazia críticas as armas nucleares, de destruição em massa e a interferência dos americanos e das potências mundiais no país. No filme, o Gojira (Godzilla) sai de seu habitat natural em águas profundas do oceano por causa de testes de bomba de hidrogênio. Além disso, ele é altamente radioativo.
A origem do Godzilla não é explicada no filme, mas por ser radioativo, fica implícito que ele nasceu de mutação. Outra ressalva ao medo das consequências da radiação. Ficou mais claro agora de onde vem esse amor dos japoneses pelos monstros? Tudo é questão de vínculo e do que aquilo realmente representa e representava para eles.
5 – Conclusão
Espero que tenha conseguido te motivar e despertar o interesse a ler Kaiju No.8. Depois de ler, me conta o que achou. Quero debater mais sobre essa obra com você. Um grande abraço e até a próxima!
eu amo essa obra, ta muito foda.