Fãs de suspense e mistério, parem tudo e deem uma chance para o mangá Coffee Moon. Sempre gosto de fazer pesquisas e encontrar títulos esquecidos ou pouco comentados pela grande maioria do público. É um prazer pessoal meu. E nessas explorações, quase sempre dou de cara com boas obras, como é o caso de Coffee Moon.
Gosto de salientar a minha paixão pelo gênero do suspense/mistério. E se você também é um adepto a esta categoria, é muito provável que Coffee Moon irá funcionar contigo. O primeiro volume é extremamente viciante e imersivo, apresentando uma protagonista em uma situação enigmática e, com base nisso, criando uma atmosfera completamente estarrecedora ao seu redor.
O design dos traços e a própria ambientação do mangá corroboram bastante para criar um clima gótico de melancolia misturado com uma sensação de vazio e solidão. A arte conversa muito bem com a proposta do roteiro. Aliás, se não estou equivocado, esse é o mangá de estreia no autor Mochito Bota.
E o que mais move o leitor nesta fase inicial de Coffee Moon é a ânsia em desvendar os eventos obscuros e, até então, inexplicáveis da história. Todavia, tratando-se de um mistério, é de praxe que, ao ser revelado, a magia parece perder um pouco da graça. É como já dizia Arthur Schopenhauer: “a vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir”.
Entretanto, este texto não tem como expectativa revelar o quê da questão. Afinal, mesmo “revelando” até a parte onde li, ainda há muita coisa a ser exposta. Porém, o objetivo aqui é apenas apresentar a narrativa e difundir esta obra para que mais pessoas possam ter conhecimento sobre ela.
Coffee Moon é sobre loop temporal
Apenas para desencargo de consciência e contextualização, caso você não esteja familiarizado com o termo, loop temporal é um enredo comum na ficção científica, onde um determinado período de tempo se repete várias vezes. E é isso que acontece com Pietra, a protagonista deste mangá. Pietra está revivendo o dia do seu aniversário há mais de 1000 dias.
Fica claro o desejo do leitor sabendo disso: “por que ela está revivendo?” “O que ela tem que fazer para contornar essa situação?” Essas e outras questões permeiam a cabeça de quem está lendo e é o que fazem com que o leitor permaneça engajado na história que está sendo contada. Ademais, uma coisa que fica notória é o fato de Pietra ter se acomodado a esta nova realidade. Esse loop tornou-se o seu novo normal.
Após tantos anos de baixo de uma realidade chuvosa, sombria e sem vida, Pietra acostumou-se a não mais ver a luz do sol e sonhar com a esperança de um amanhã. A felicidade já não era mais uma opção. A propósito, tratando-se de felicidade, este é um tópico que o mangá discorre bastante e, futuramente, ganha uma maior profundidade. De acordo com o mangá, felicidade e tristeza andam juntas, e uma não pode sobreviver sem a outra.
Em outras palavras, existe um equilíbrio no universo de Coffee Moon, onde o tanto que uma pessoa pode ser feliz, ela será proporcionalmente triste. Cruel, não é?! Mas é o que é.
A arte encantadora e melancólica de Coffee Moon
Já supracitado neste texto, reitero acerca dos traços do autor nesta obra. É um charme a parte e convence tanto quanto a própria narrativa. A forma como o autor usa o ambiente para retratar uma realidade vazia, monótona e triste é espetacular. Há vários diálogos que evidenciam este fato, porém, se não existissem, a arte falaria por si.
O design das personagens principais também é muito bem feito e detalhado. Mas há aqui apenas uma retificação. Talvez seja coisa de japonês e seus fetiches, mas o autor pesou a mão na hora de apresentar as personagens utilizando aquelas roupas de atendentes de “maid cafés”.
Particularmente, é algo que não faz nenhuma diferença para mim, mas é aquilo de função em narrativa. Influencia em algo elas usarem ou não? Absolutamente não.
Logo, deve ser simplesmente porque o autor acha bonitinho ver mulheres usando essas vestimentas. Contudo, mais uma vez, não possui impacto direto com o desenrolar dos fatos. É apenas um pequeno e, talvez, chato comentário da minha parte.
Revelando o mistério, mas sem estragar a surpresa
No terceiro volume, mais ou menos, é quando algumas perguntas começam a ser respondidas. Acredito que a magia das histórias de mistério está justamente em elaborar teorias para tentar explicar o que está acontecendo. E quando finalmente nos é revelado, perde um pouco da emoção. E aqui em Coffee Moon eu senti um pouco disso.
Sem entregar nada, mas deixando esta parte registrada aqui, o que posso afirmar a vocês é que todo o conflito de Coffee Moon se baseia em uma questão conceitual e introspectiva. Isso não é algo negativo. Contudo, é preciso admitir que, ao passar para esse ponto, é um divisor de águas dentro da narrativa, ressignificando tudo e oferecendo um novo prisma.
Em síntese, é um mangá muito interessante e com um potencial incrível. Uma pena poucas pessoas terem conhecimento sobre ele. Contudo, com este texto, espero conseguir propagar um pouco mais essa misteriosa, sombria e intensa obra chamada Coffee Moon.
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