Bungou Stray Dogs é um dos animes mais subvalorizados atualmente. Dirigido pelo excelente Takuya Igarashina (diretor de Soul Eater, diretor de episódios na franquia Sailor Moon, além de ter conduzido as 3 temporadas de Bungou Stray Dogs), o anime é composto por uma staff muito competente e acostumada a trabalhar juntos em vários projetos, adaptada por um dos melhores estúdios do Japão, o estúdio Bones. A obra é um tesouro que muita gente ainda não descobriu. A terceira temporada do anime serviu para consolidar o seu valor.
Atenção! Evitarei ao máximo os spoilers, porém, algumas informações relevantes para a análise serão citadas, então naturalmente esse artigo terá spoilers. Por isso, veja se o nível de spoiler desse post é adequado para você.
Nível de Spoilers: Alto
A aposta que deu certo no início da segunda temporada se repete: Filler
Quantas vezes você já ouviu a palavra filler e associou a algo bom? Talvez existam alguns que você tenha gostado, ou talvez você seja um entusiasta desse recurso, mas no geral a palavra não costuma ser um bom sinal. Bungou Stray Dogs joga esse conceito fora e mostra que quando a história é bem construída, esse pode ser um elemento valioso na obra.
A terceira temporada inicia com a mesma fórmula da segunda, dedicando os primeiros episódios a um filler. No caso, ele é sobre Dazai e Chuuya, quando ainda trabalhavam juntos na Máfia do Porto. Para quem estava aguardando a nova temporada há um tempo e se depara com um filler logo no primeiro episódio, poderia ser um balde de água fria. Mas isso não acontece.
Com tudo que havia sido apresentado até agora, existia um interesse natural em saber como foi o passado dessa dupla e como ocorreu a separação deles. Dois opostos que se completam em batalha, Dazai e Chuuya formavam uma dupla digna de admiração e praticamente imbatíveis. Alternando entre cenas de ação, conflitos pessoais e internos, a cada episódio que terminava, deixava a sensação de que poderíamos assistir uma temporada inteira sobre o passado desses dois.
Novamente a animação é um ponte forte do anime
Os primeiros episódios são envolvidos por muitas cenas de ação, mostrando que a qualidade elevada da animação nas temporadas anteriores permanecia a mesma. Os trabalhos do estúdio Bones têm se tornando cada vez mais sólidos e essa solidez é notável em Bungou Stray Dogs.
Não que isso seja uma surpresa, afinal em todas as temporadas a animação era um ponte forte do anime. As cenas que necessitam de mais movimentos e efeitos são bem trabalhadas, além de paisagens vibrantes – marcadas com belos finais de tarde sob o pôr do sol.
Por se tratar de um anime de ação com sobrenatural, a animação é um fator fundamental e determinante para a avaliação final do anime. Nesse quesito,o anime consegue manter o nível alto e não deixa a desejar em quase nada.
O surgimento de um novo vilão e o conflito entre as organizações
Com a resolução do arco da Guild na segunda temporada, era normal se perguntar para que lado a história se encaminharia, com a necessidade de encontrar novos vilões e desafios para a Agência de Detetives que fossem tão interessantes quanto os anteriores. A resposta veio através de um ótimo vilão que colocou a Máfia do Porto e a Agência de Detetives em guerra, e isso gerou uma continuação ideal para a história.
O ressurgimento da Guild através de Francis era uma manobra arriscada. Eu tinha um receio de que reviver a organização e o seu líder fosse desnecessário, pois o desfecho da segunda temporada era o suficiente para encerrar a participação da mesma. Entretanto, a obra consegue criar uma ótima narrativa para o seu ressurgimento, dedicando um pedaço da temporada para mostrar a retomada do líder depois de ter conhecido a pobreza – que ele tanto abominava – de perto.
Fyodor Dostoevsky é o grande responsável por causar o maior conflito da temporada. Um vilão peculiar, um Dazai não convertido. O anime acerta em dedicar um episódio para o vilão, apresentando sua habilidade e o quão problemática ela seria no decorrer da história. Feito isso, o anime pôde restringir suas aparições, deixando ele nos bastidores como um grande articulador.
Enquanto a Máfia do Porto e a Agência de Detetives entram em um verdadeiro cenário de guerra para salvarem o seus respectivos chefes, Mori e Fukuzawa duelam para cessar todo o canibalismo entre as organizações. Nesse momento podemos conhecer os seus passados e também a mente responsável por tentar manter a estabilidade na cidade.
A aposta que deu certo no final da segunda temporada se repete: Atsushi e Akutagawa
O grande clímax da temporada reuniu os dois personagens responsáveis pelo clímax da temporada anterior. Juntar Atsushi e Akutagawa era um caminho previsível, mas o resultado poderia ser diferente.
Como cães sem dono, a narrativa fecha nos dois personagens que estão trilhando o mesmo caminho de Dazai e Chuuya. É inegável que a compatibilidade de suas habilidades é imensa, por mais que os dois odeiem – e se odeiem – admitir isso. E é esse ódio que acaba os deixando cada vez mais fortes. Suas habilidades se completam e um consegue suprir o ponto fraco do outro. Na batalha final ambos estão mais maduros e cientes que podem aprender com um com o outro. Graças a uma confiança mútua de ambos durante a batalha, podemos assistir ao surgimento de uma combinação espetacular e letal.
Muitos personagens foram desenvolvidos no decorrer da temporada, mas a dupla no melhor estilo “tigre negro” mostrou que as lições do passado estavam sendo absorvidas, na velocidade que deveriam ser.
Então, a terceira temporada foi…
Posso afirmar que o anime é um dos melhores atualmente, dentro do seu gênero. A notícia boa é que ainda tem espaço para evolução, tanto no desenvolvimento dos personagens, quanto no melhor aproveitamento de outros. Pequenos detalhes nas batalhas podem ser melhorados. Não podemos ignorar que Atsushi em um momento tem a velocidade de um raio, e em outros ele não consegue alcançar uma simples pessoa correndo – tranquilamente – em linha reta.
São detalhes que podem ser cada vez mais aprimorados para que o anime consiga ultrapassar o patamar – que ele mesmo estipulou.
Bungou Stray Dogs entrega muita ação, ótimos personagens, uma história coerente e cheia de elementos novos que se renovam durante a obra, com uma animação de primeiro nível. Ele provou que merece estar ao lado dos grandes animes do gênero.
Nota do anime: 8
A escala de avaliações Maknara funciona da seguinte forma:
10 – Utopia
9 – Excelente
8 – Ótimo
7 – Muito Bom
6 – Bom
5 – Mediano
4 – Abaixo da média
3 – Ruim
2 – Muito Ruim
1 – Era um anime?
E você, qual nota daria para a terceira temporada de Bungou Stray Dogs? Deixe nos comentários!
10
10
8 ou 7,5. O anime tem um traço lindo, personagens carismáticos e lutas mt boas, mas acho q peca em alguns aspectos que tiram a seriedade e a credibilidade. Algumas coisas são muito óbvias ou mal explicadas (sem citar p nao dar spoiler) como os poderes de alguns persongens ou os picos aleatórios de poder de outros.
Ótima crítica! Só uma correção, sem querer parecer chato akajsk. Quando você foi falar sobre o arco do Dazai e do Chuuya nos seus 15 anos, tinha dito que é um filler, mas é a adaptação de uma novel spin-off que é canon, assim como o início da segunda temporada com aquele arco do Oda Sakunosuke. Ambos são baseados em novels de BSD escritas pelo autor original, Asagiri Kafka, e são consideradas canon na história do mangá. Novamente, bela crítica. Obrigado pela atenção! 😀