Já parou para pensar sobre todos os grandes eventos que aconteceram na história da humanidade? A morte de Jesus Cristo, o homem na lua, o assassinato do Presidente Kennedy. E se tudo isso não foi apenas uma coincidência, mas sim um efeito da lei da causalidade por meio de um morcego? Absurdo, não é mesmo?! Mas essa é a história desse mangá, escrito por Naoki Urasawa e Takashi Nagasaki.
Foi com um enorme prazer que recebi a notícia de que Billy Bat será publicado aqui no Brasil pela Editora Panini. Afinal, ter mais uma obra do gênio do suspense japonês em território nacional é uma espécie de conquista para nós, fãs do mangaká. Entretanto, por mais que tenha ficado feliz por descobrir isso, até então eu não tinha conhecimento do título. Só depois de anunciado e ir atrás, foi que eu me deparei com mais uma obra intrigante e emocionante de Urasawa.
É incrível que, por mais que Billy Bat não tenha tantos holofotes quanto suas obras anteriores (Monster, Pluto, 20th Century Boys), ela não fica atrás no quesito “boa narrativa”. Aqui, o suspense e o mistério permanecem inabaláveis como marca registrada do autor. Aliás, um ponto interessante dentro da narrativa, é notar o quanto Takashi Nagasaki tem influência na história.
Para leitores novos, talvez esse tópico não seja tão evidente, mas para quem acompanha as obras de Urasawa, será notório a diferença no tocante aos eventos que são apresentados e na maneira que são conduzidos. Ler e perceber essa nuance na narrativa é algo muito satisfatório.
Quem é o morcego chamado Billy Bat que está por trás de tudo?
Billy Bat segue a história de um desenhista de quadrinhos nipo-americano chamado Kevin Yamagata, na década de 1940. Kevin é o criador de uma série popular chamada “Billy Bat”, porém, acaba descobrindo que o personagem pode ter sido inspirado por uma figura em uma antiga pintura japonesa há muitos anos, e que inconscientemente, copiou e declarou como criação original.
A soberania de Urasawa começa a ganhar contornos a partir do ponto que o protagonista começa a investigar o passado do morcego. Ele se vê envolvido em uma trama complexa envolvendo conspirações, mistérios históricos e uma figura enigmática, o próprio Billy Bat, que parece possuir poderes sobrenaturais. A jornada de Kevin o leva a questionar o papel do destino e o impacto de seu trabalho na história da humanidade.
Além do mais, outra característica muito legal do mangá é o uso da metalinguagem. Afinal, o mangá disserta sobre a criação de um mangá e a implicação de vários fenômenos por meio desse nascimento. Sem mencionar o fato do próprio Billy Bat ganhar vida e saltar das páginas. Ademais, o conceito de ‘metaficção’ aqui é acentuado, uma vez que a obra explora a relação entre ficção e realidade. Sem sombra de dúvidas, é um mangá que vai além das expectativas e é um tanto “diferente” das propostas anteriores do autor.
Tudo já aconteceu, é penas uma questão de tempo?
Billy Bat aborda diversos temas profundos, alguns deles são o destino e o livre-arbítrio. Há muitos momentos em que o morcego surge na trama comentando acerca do futuro da raça humana, o que fazer e o que deixar de fazer. Como se ele soubesse de tudo, desde o início até o fim. Isso levanta o questionamento sobre se os eventos do mundo são predeterminados ou se os indivíduos têm a capacidade de mudar o curso da história.
E, enfim, por meio de uma história contada de forma não linear, saltando entre diferentes épocas e lugares, o que mantém o leitor sempre intrigado e envolvido enquanto tenta conectar os pontos da trama, Billy Bat vai nos levando a uma enxurrada de reflexões sobre a vida e nossa existência. Tanto para quem já conhece Naoki Urasawa e tem apreço por suas obras, como também para quem caiu de paraquedas, essa vai ser uma agradável leitura.
deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.