Yuukoku no Moriarty é um dos animes que eu mais ansiava pela estréia, muito mais por ser uma fã de longa data das histórias de Sherlock Holmes do que pelos protagonistas serem muito bonitos. Quando me informei de que a história focaria muito mais no vilão das histórias, Moriarty, do que no Sherlock, minha atenção ficou ainda mais atraída pelo anime e os debates sobre o enredo principal se ampliaram ainda mais.
Assim, assistindo aos episódios, me veio à mente: o que é o conceito de justiça? Será que os métodos de Moriarty são justificáveis para saciar a sede de um “mundo melhor” sem desigualdades sociais? É sobre tudo isso que vamos trazer para discussão nesse texto.
Para quem não viu o anime, recomendo não ler esse texto, porque pode se deparar com alguns spoilers no caminho, já que o assunto que trago é sobre as ações do protagonista e, talvez, deixe escapar alguns fatos da história durante a análise.
Pois bem, quem assistiu Yuukoku no Moriarty já sabe como a família Moriarty lida com as injustiças da sociedade em que vivem (Inglaterra). Por muitos anos eles presenciaram e foram vítimas da desigualdade social e da crueldade humana que se deixa entorpecer por um pouco mais de dinheiro e uma posição social de mais destaque.
Nessa sociedade, os pobres e trabalhadores são constantemente humilhados, maltratados e ignorados por aqueles que estão “acima” em condições de vida, com muitos sendo assassinados ou deixados para morrer por pura diversão ou falta de empatia. Tudo isso foi o que levou a família Moriarty a decidir “mudar o mundo” para que se tornasse um local melhor para aqueles que eles julgam merecedores.
Obviamente as ações da classe alta, que foram mostradas na história, são todas repulsivas, mas qual seria a punição adequada para esses crimes e essa crueldade? No anime, James Moriarty é um consultor criminal que ajuda seus clientes (todos pessoas humildes que foram vítimas de nobres) a se “vingarem” de seus algozes por meio da morte à altura de seus pecados, porém seria isso correto?
Vamos começar entendendo o conceito de justiça, primeiro, que se refere a um estado ideal de equilíbrio na interação social que deve ser imparcial e razoável para as pessoas envolvidas. Ou seja, ser justo implica em satisfazer as necessidades humanas através do merecimento e do equilíbrio social. Então, se em uma sociedade, um grupo de pessoas humilha e fere outras pessoas, o justo seria que elas sejam punidas com a cadeia ou através de um sistema onde elas paguem pelos pecados ressarcindo o grupo afetado, que são regras que fazem parte de nosso sistema judiciário, correto?
Não é como a família Moriarty pensa, pois, para eles, a única justiça e punição adequada seria a morte de quem praticou o mal, sobretudo pelas mãos de quem sofreu. Como já disse, por terem crescido nessa sociedade tão desigual e cruel com quem não tem sorte na vida, James e seus irmãos oferecem consultas criminais para elaborarem os planos mais inteligentes possíveis com o objetivo de cumprirem o desejo de vingança daqueles mais necessitados que sofrem nas mãos de nobres que se acham superiores apenas por ter dinheiro a mais.
No entanto, observar os métodos de James Moriarty para “buscar justiça e uma sociedade ideal” nos leva a pensar se está mesmo certo e ficamos em dúvida a respeito da moralidade e do que seria mais correto nesses casos específicos. São dualidades assim que abrem discussões entre o que é ser vilão e herói, afinal o mocinho jamais sacrificaria uma vida com o intuito de “fazer justiça” por isso, mais para frente, somos apresentados ao que seria o “mocinho da história”.
Ainda assim, vocês podem trazer que também existe a definição de anti-herói, onde a figura vingadora possui um senso de justiça duvidoso que prega a palavra dos fins que justificam os meios, o que poderia até ser um bom argumento, se não fosse o fato de que Moriarty quer encher o mundo de crimes para que seu desejo possa se realizar – e esse é um pensamento que não entendi até agora -. Mas, acima de tudo, ficamos em conflito entre desejar uma punição severa para crimes hediondos e repudiar os métodos impiedosos de Moriarty que vão de contra ao que entendemos por moralidade, o que deixa tudo ainda mais interessante e questionável.
Dessa forma, James Moriarty (e seus irmãos), não se encaixa nem no quesito anti-herói, muito menos no “mocinho”, já que sua visão nebulosa do que é justo e seus métodos não devem ser aceitos, de nenhuma maneira, no conceito de moralidade que todos conhecemos. No entanto, não devemos desprezar o fato de que o anime é fantástico e nos mostra um ponto das histórias de Sherlock Holmes que nunca demos tanta atenção, que é o principal antagonista do detetive, e poder analisar seus pontos de vista e suas ambições mais profundas, de modo que podemos enxergar mais à fundo porque o vilão realiza tais atos.
Por conta disso, nos é proporcionado ótimos momentos de investigações e planos geniais, em que Moriarty pensa em todos os detalhes de modo que esteja passos à frente para que o objetivo de pegar sua vítima de surpresa e sem nenhuma escapatória se concretize, resultando em uma punição julgada adequada para os crimes cometidos. Enquanto isso, lembramos de animes como Death Note, que gera questionamentos sobre a justiça de Kira até hoje, onde traçamos paralelos entre ambos os protagonistas (Moriarty e Kira) e seus pensamentos problemáticos que desejam uma “sociedade perfeita” através de uma subversão do que consideramos os valores morais e éticos, acreditando eles serem os únicos capazes de resolverem as falhas da sociedade desigual e “impura” onde cresceram moldados a aceitar que “as pessoas são assim mesmo”.
No fim das contas, tentar fazer justiça através da punição de morte só traz mais caos do que realmente “ajuda” – também vimos isso em Death Note -, não apenas por atrair, inevitavelmente, a atenção daqueles que são capazes de resolver justamente os crimes (que passam a notar as muitas e estranhas mortes de nobres, como Sherlock), mas também por trazer ainda mais perturbações naquela sociedade repleta de princípios e padrões cruéis baseados, sobretudo, em posições sociais.
Dessa forma, já no final da temporada, começamos a ver o embate entre os dois intelectos brilhantes de Moriarty e Sherlock, passando a deixar um pouco mais de lado o foco do vilão para apresentar o detetive e estabelecendo a rivalidade clássica que conhecemos das histórias. Em abril teremos a segunda temporada de Yuukoku no Moriarty e poderemos ter mais cenas do vilão, com sua personalidade manipuladora e psicopata, tentando colocar em prática seus ideais, mas sendo impedido por Sherlock que é igualmente louco por enigmas e que pensa de maneira diferente sobre como fazer justiça aos pecados dos seres humanos.
E, para finalizar, deixo aqui esse questionamento: apenas para ter paz no seu coração, depois de sofrer nas mãos de pessoas cruéis, vale à pena sujar as mãos matando-os de volta? Alguém aprovaria, na vida real, esses métodos estipulados por uma visão deturpada da justiça que busca resolver as falhas do sistema estatal da época manipulando os sentimentos de vítimas traumatizadas e causando ainda mais mortes e caos naquela sociedade?
São muitos pontos a se pensar e discutir, porque, por mais que desaprovemos os ideais do Moriarty, também queremos ver a justiça ser feita para aquelas pobres pessoas vítimas de assassinos desumanos que só pensam em si mesmos e na sua posição social que lhes proporciona uma vida tranquila e repleta de prazeres além do que muitas das suas vítimas poderiam sonhar.
Então deixem aí nos comentários o que acham do anime, de toda essa história e do senso de justiça do famoso James Moriarty. Também estão ansiosos pela próxima temporada ou esse é mais um daqueles animes que passaram despercebidos para muitos?
Olá tudo bem? Primeiramente gostaria de parabenizar pelo ótimo conteúdo, muito bom!
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Penso que a vingança privada, através da pena capital, apenas entorpece o sujeito com uma falsa justiça. Apenas enaltece uma sociedade do olho por olho. O sujeito estará em transe, pensando que ele é o justo punido o agressor. Quem tem plena consciência de que os atos da família Moriarty são vis, não vai pensar duas vezes em julgá-los conforme a Justiça vigente.