Mahoutsukai no Yome – Ficha Técnica
Gênero: Fantasia, Magia, Slice of Life
Estúdio: Wit Studio
Baseado em: Mangá
Número de Episódios: 24
Estreia: 2017 | Temporada de Outono
Mahoutsukai no Yome (ou The Ancient Magus’ Bride, como achar melhor) narra a história de Chise, uma garota com um passado triste e desacreditada com a vida, que acabou sendo vendida como escrava num leilão para um mago que tem um crânio de cachorro no lugar da cabeça (surpreendentemente não é de um bode, como pode parecer à primeira vista) chamado Elias. Ele a comprou devido à grande aptidão para magia que ela possui, e deseja fazer dela sua esposa/aprendiz. Lembrando que ela descobre que é uma Sleigh Beggy, ser considerado especial e raro na perspectiva dos praticantes de magia.
Em relação aos termos técnicos da produção, podemos considerar esse anime um caso bem peculiar; isso porque, mesmo contando com uma estética visual e sonora boas – o Wit Studio realmente não deixou a desejar, entregando cenários bonitos, personagens consistentes e criaturas bastante detalhadas, além de oferecer momentos mais fluidos quando necessário, tudo bem combinado com a eficiente e bonita soundtrack – a direção, que foi entregue a cargo do Naganuma Norihiro, acabou se saindo um pouco aquém do esperado.
Várias cenas ao decorrer do anime que tinham potencial para serem bem impactantes acabaram não passando tanta emoção. Isso aconteceu devido ao timing e o ritmo do que acontecia na tela, os quais não foram bem os ideais, além da falta de algumas movimentações e representações visuais um pouco mais elaboradas e criativas.
Na primeira metade do anime esses fatores não incomodaram tanto, mas a segunda trouxe um déficit mais elevado, pois cenas mais exigentes em relação a isso apareceram com mais frequência. Para ter uma noção maior disso é só comparar a maioria das cenas com a ilustrada abaixo, presente no décimo segundo episódio, que foi muito mais bem elaborada que as demais.
O anime teve dois temas de abertura e dois temas de encerramento. A primeira abertura “Here” (bem viciante, por sinal) foi cantada pela JUNNA, e o seu tom de voz forte em união com uma melodia de estilo latino combinaram perfeitamente com o visual, que começa mais melancólico, simbolizando o estado de isolamento da protagonista; à medida que ela vai avançando fica gradativamente mais movimentada, com uma sequência bem criativa. O final dela são uma série de cenas que estarão presentes nos episódios do anime.
Já a segunda, “You”, performada por May’n é boa como música, mas o visual, bem… é literalmente um AMV. Os dois encerramentos, “Wa -cycle-”, por Hana Itoki e “Tsuki no mou Hanbun”, por AIKI & AKINO, não chegam a ser marcantes. Seguem o padrão de colocar quadros estáticos com uma música calma ao fundo.
Algo interessante de se observar durante a transmissão da obra foram as pessoas que acabaram se decepcionando com ela. O engraçado é que a maioria delas não desgostou devido à sua qualidade, mas sim porque esperavam algo que a obra nunca se propôs a fazer: uma narrativa movimentada e recheada de ação. Entretanto, se observarmos bem os gêneros de Mahoutsukai no Yome perceberemos a presença do “Slice of Life”; isso é um claro fator que indica uma execução mais calma do enredo.
O anime tem cenas mais tensas? Sim, inclusive alguns momentos bem pesados, mas este lado não é o foco principal, e mesmo quando aparece não é executado de maneira intensa.
Agora falando do enredo da obra, não podemos deixar de citar o seu soberbo World Building (construção de mundo) e ambientação. Ele mantém um certo contraste entre o mundo convencional em que os humanos vivem (que é mostrado como algo semelhante aos dias contemporâneos) com os ambientes fantásticos, os quais são bem mais explorados no anime.
Vale salientar que as criaturas, raças e conceitos mostrados na obra são advindos da mitologia celta, infelizmente ainda não muito explorada em produções audiovisuais, mas que se mostrou bastante rica, interessante e encantadora. Ponto para Mahoutsukai, que conseguiu instigar a admiração dessa cultura por parte do expectador. As imagens abaixo retratam, respectivamente, Titânia, a rainha das fadas, e Nevin, um Dragão.
O anime se propõe a manter a protagonista Chise em constante desenvolvimento, e consegue fazê-lo muito bem. Isso pode ser percebido ao defrontar ela dos primeiros episódios com ela dos últimos. A construção desse desenvolvimento não aconteceu do nada, sendo feito progressivamente e naturalmente.
O personagem Elias foi sim o principal gancho para isso acontecer, formando entre eles uma relação bastante forte e bonita. Algo fascinante é que não apenas ela foi evoluindo e se superando com essa relação, sendo na verdade algo recíproco. Como ele não é humano (é mostrado que ele não se enquadra nem como humano nem como fada, sendo assim considerado um defeituoso pelos dois lados) a Chise acaba ensinando na prática a ele como funcionam os nossos sentimentos.
O passado e a origem de Elias são um mistério, nem mesmo ele compreende tudo sobre isso, tornando-o um elemento bastante enigmático.
Mas, mesmo assim, a narrativa não fica presa a mostrar este vínculo entre os dois. Na primeira metade do anime são mostrados a nós o contato da protagonista com diversas pessoas, seres e histórias diferentes, que sempre a marcam de alguma forma.
Outros personagens importantes além dos dois protagonistas já citados são Silky, uma banshee (assista para entender melhor o termo) que cuida da casa deles; o Ruth, um cachorro negro que é o familiar da Chise; Lindel, antigo mestre de Elias e atual protetor da cidade dos dragões, e Angéliga, conhecida deles. A ela são confiados serviços como produção e reparo de seus itens mágicos.
Em comparação com a primeira metade, a segunda é bem mais linear, com um norte bem definido. Um vilão que havia feito aparições no começo do anime, chamado Cartaphilus, passou a receber um foco maior. Ele não é o tipo de vilão que é mal só porque sim, existe todo um background por trás dele. Mesmo assim vou ser sincero: não o achei um bom vilão, sua história, personalidade e atitudes não são nada fantásticas ou coisa do tipo, sendo até um pouco previsíveis.
O que essa segunda parte do anime entregou de melhor foi mostrar lados dos personagens que ainda não conhecíamos; isso acabou deixando-os com mais camadas de profundidade. Tentaram passar um clima um pouco mais inquietante e tenso, mas infelizmente, como citado antes, a direção não conseguiu extrair todo o potencial destes momentos.
Em relação ao final, tivemos a sensação de fechamento de um arco, resolvendo os conflitos levantados até aquele momento. Também definiram melhor a relação entre os dois protagonistas, encerrando assim de maneira calma e bonita essa temporada. O mangá de Mahoutsukai continua em andamento, inclusive está sendo publicado no Brasil pela editora devir.
No final das contas Mahoutsukai no Yome proporciona sim uma boa experiência, principalmente se você for ver ele ciente de seu estilo mais tranquilo. Seu enredo é muito bom, e os personagens principais foram bem trabalhados. Poderia ser melhor? Sim, especialmente no quesito direção que, como citado, falhou um pouco. Entretanto isso passa longe de tornar o anime ruim, pois o todo compensa bastante. Está procurando uma obra de fantasia com slice of life, mas que ainda possua momentos de maior tensão? E de extra uma pitada de romance? Esse anime certamente é para você.
Nota: 7 – Bom
O pai da chise foi comprar cigarro e nunca mais voltou