Review: Mahoutsukai no Yome A evolução pessoal de uma garota que foi vendida como escrava para um mago.

Vitor Nascimento
(Podcaster)
@ifusic
©Wit Studio

Mahoutsukai no Yome – Ficha Técnica

Gênero: Fantasia, Magia, Slice of Life
Estúdio: Wit Studio
Baseado em: Mangá
Número de Episódios: 24
Estreia: 2017 | Temporada de Outono

Mahoutsukai no Yome (ou The Ancient Magus’ Bride, como achar melhor) narra a história de Chise, uma garota com um passado triste e desacreditada com a vida, que acabou sendo vendida como escrava num leilão para um mago que tem um crânio de cachorro no lugar da cabeça (surpreendentemente não é de um bode, como pode parecer à primeira vista) chamado Elias. Ele a comprou devido à grande aptidão para magia que ela possui, e deseja fazer dela sua esposa/aprendiz. Lembrando que ela descobre que é uma Sleigh Beggy, ser considerado especial e raro na perspectiva dos praticantes de magia.

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Em relação aos termos técnicos da produção, podemos considerar esse anime um caso bem peculiar; isso porque, mesmo contando com uma estética visual e sonora boas – o Wit Studio realmente não deixou a desejar, entregando cenários bonitos, personagens consistentes e criaturas bastante detalhadas, além de oferecer momentos mais fluidos quando necessário, tudo bem combinado com a eficiente e bonita soundtrack – a direção, que foi entregue a cargo do Naganuma Norihiro, acabou se saindo um pouco aquém do esperado.

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Várias cenas ao decorrer do anime que tinham potencial para serem bem impactantes acabaram não passando tanta emoção. Isso aconteceu devido ao timing e o ritmo do que acontecia na tela, os quais não foram bem os ideais, além da falta de algumas movimentações e representações visuais um pouco mais elaboradas e criativas.

Na primeira metade do anime esses fatores não incomodaram tanto, mas a segunda trouxe um déficit mais elevado, pois cenas mais exigentes em relação a isso apareceram com mais frequência. Para ter uma noção maior disso é só comparar a maioria das cenas com a ilustrada abaixo, presente no décimo segundo episódio, que foi muito mais bem elaborada que as demais.

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O anime teve dois temas de abertura e dois temas de encerramento. A primeira abertura “Here” (bem viciante, por sinal) foi cantada pela JUNNA, e o seu tom de voz forte em união com uma melodia de estilo latino combinaram perfeitamente com o visual, que começa mais melancólico, simbolizando o estado de isolamento da protagonista; à medida que ela vai avançando fica gradativamente mais movimentada, com uma sequência bem criativa. O final dela são uma série de cenas que estarão presentes nos episódios do anime.

Já a segunda, “You”, performada por May’n é boa como música, mas o visual, bem… é literalmente um AMV. Os dois encerramentos, “Wa -cycle-”, por Hana Itoki e “Tsuki no mou Hanbun”, por AIKI & AKINO, não chegam a ser marcantes. Seguem o padrão de colocar quadros estáticos com uma música calma ao fundo.

Algo interessante de se observar durante a transmissão da obra foram as pessoas que acabaram se decepcionando com ela. O engraçado é que a maioria delas não desgostou devido à sua qualidade, mas sim porque esperavam algo que a obra nunca se propôs a fazer: uma narrativa movimentada e recheada de ação. Entretanto, se observarmos bem os gêneros de Mahoutsukai no Yome perceberemos a presença do “Slice of Life”; isso é um claro fator que indica uma execução mais calma do enredo.

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O anime tem cenas mais tensas? Sim, inclusive alguns momentos bem pesados, mas este lado não é o foco principal, e mesmo quando aparece não é executado de maneira intensa.

Agora falando do enredo da obra, não podemos deixar de citar o seu soberbo World Building (construção de mundo) e ambientação. Ele mantém um certo contraste entre o mundo convencional em que os humanos vivem (que é mostrado como algo semelhante aos dias contemporâneos) com os ambientes fantásticos, os quais são bem mais explorados no anime.

Vale salientar que as criaturas, raças e conceitos mostrados na obra são advindos da mitologia celta, infelizmente ainda não muito explorada em produções audiovisuais, mas que se mostrou bastante rica, interessante e encantadora. Ponto para Mahoutsukai, que conseguiu instigar a admiração dessa cultura por parte do expectador. As imagens abaixo retratam, respectivamente, Titânia, a rainha das fadas, e Nevin, um Dragão.

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O anime se propõe a manter a protagonista Chise em constante desenvolvimento, e consegue fazê-lo muito bem. Isso pode ser percebido ao defrontar ela dos primeiros episódios com ela dos últimos. A construção desse desenvolvimento não aconteceu do nada, sendo feito progressivamente e naturalmente.

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O personagem Elias foi sim o principal gancho para isso acontecer, formando entre eles uma relação bastante forte e bonita. Algo fascinante é que não apenas ela foi evoluindo e se superando com essa relação, sendo na verdade algo recíproco. Como ele não é humano (é mostrado que ele não se enquadra nem como humano nem como fada, sendo assim considerado um defeituoso pelos dois lados) a Chise acaba ensinando na prática a ele como funcionam os nossos sentimentos.

O passado e a origem de Elias são um mistério, nem mesmo ele compreende tudo sobre isso, tornando-o um elemento bastante enigmático.

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Mas, mesmo assim, a narrativa não fica presa a mostrar este vínculo entre os dois. Na primeira metade do anime são mostrados a nós o contato da protagonista com diversas pessoas, seres e histórias diferentes, que sempre a marcam de alguma forma.

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Outros personagens importantes além dos dois protagonistas já citados são Silky, uma banshee (assista para entender melhor o termo) que cuida da casa deles; o Ruth, um cachorro negro que é o familiar da Chise; Lindel, antigo mestre de Elias e atual protetor da cidade dos dragões, e Angéliga, conhecida deles. A ela são confiados serviços como produção e reparo de seus itens mágicos.

Em comparação com a primeira metade, a segunda é bem mais linear, com um norte bem definido. Um vilão que havia feito aparições no começo do anime, chamado Cartaphilus, passou a receber um foco maior. Ele não é o tipo de vilão que é mal só porque sim, existe todo um background por trás dele. Mesmo assim vou ser sincero: não o achei um bom vilão, sua história, personalidade e atitudes não são nada fantásticas ou coisa do tipo, sendo até um pouco previsíveis.

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O que essa segunda parte do anime entregou de melhor foi mostrar lados dos personagens que ainda não conhecíamos; isso acabou deixando-os com mais camadas de profundidade. Tentaram passar um clima um pouco mais inquietante e tenso, mas infelizmente, como citado antes, a direção não conseguiu extrair todo o potencial destes momentos.

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Em relação ao final, tivemos a sensação de fechamento de um arco, resolvendo os conflitos levantados até aquele momento. Também definiram melhor a relação entre os dois protagonistas, encerrando assim de maneira calma e bonita essa temporada. O mangá de Mahoutsukai continua em andamento, inclusive está sendo publicado no Brasil pela editora devir.

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No final das contas Mahoutsukai no Yome proporciona sim uma boa experiência, principalmente se você for ver ele ciente de seu estilo mais tranquilo. Seu enredo é muito bom, e os personagens principais foram bem trabalhados. Poderia ser melhor? Sim, especialmente no quesito direção que, como citado, falhou um pouco. Entretanto isso passa longe de tornar o anime ruim, pois o todo compensa bastante. Está procurando uma obra de fantasia com slice of life, mas que ainda possua momentos de maior tensão? E de extra uma pitada de romance? Esse anime certamente é para você.

Nota: 7 – Bom


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