Our dreams at dusk: Quando os sonhos de viver sem preconceito nunca escapam Uma obra japonesa que fala sobre LGBTQIA+

Matheus Henrique
(redator de noticias)
Our dreams at dusk
©Our dreams at dusk

Olá! Meu nome é Matheus Henrique e fico geralmente responsável por fazer as matérias do site Anime United.

Mas, em vez de informar que a adaptação para anime de Chainsaw Man ganhou um trailer promocional, decidi vir aqui no blog para escrever algo sobre o mês do orgulho LGBTQIA+.

Eu sei que já no finalzinho do mês de junho, você deve estar cansado de tantas indicações de X filmes com casais gays e lésbicas para celebrar o orgulho, ou 10 personagens que você não sabia que eram do vale. Pode acreditar, também não aguento mais.

Porém, apesar de tantos conteúdos para consumir, eu queria dar espaço para uma obra de 23 capítulos que li chamada Our dreams at dusk (Shimanami Tasogare).

O mangá escrito por Yuhki Kamatani entre 2015-2018, chegou para mim e logo no primeiro capítulo percebi que teria sido uma leitura importante para dar apoio na minha fase mais adolescente, então quero que mais pessoas saibam desta obra.

O que é a história:

Our dreams at dusk é contada na visão de um estudante do ensino médio, Tasuku Kaname que está no começo de sua fase de descoberta de sua orientação sexual. Infelizmente, seus “amigos” descobrem que o garoto estava vendo pornô gay e espalha para a sala inteira o fato. Desnorteado e desesperado, ele tenta tirar a própria vida. Mas ao tentar saltar, ele veê ao longe uma pessoa pular da janela de uma casa próxima. Tasuku decide então correr para tentar ajudar e descobre que a residência na verdade é uma pousada onde todos os moradores e frequentadores são da comunidade LGBTQIA+.

O protagonista vê então, não só a oportunidade de encontrar uma rede de apoio que o ajuda na sua autodescoberta, como também de conhecer os outros representantes da sigla que passam por problemas semelhantes ao dele.

Our dreams at dusk
©Our dreams at dusk

Acho que todo integrante da comunidade passa por um processo de descoberta. Eu passei por um ciclo parecido de auto aceitação e de saber quem eu sou, de criar uma rede de apoio, de como quero me relacionar, de sair do armário e de enfrentar o preconceito de desconhecidos e de pessoas próximas nas mais diversas formas.

Isso é mostrado de forma delicada e profunda no mangá para diferentes tipos de pessoas em diferentes estágios da vida.

A identificação bateu na certa.

Acredito que isso é uma das questões que Kaname aborda na sua história de forma mais inesperada. Olhando os mangás BL’s (Boy Love), Yaoi, Yuri e qualquer outra obra japonesa que toque no assunto, em grande maioria, a narrativa é sempre parecida e irreal.

Claro que isso não é uma crítica negativa a esses nichos, pois esses conteúdos não precisam falar da realidade e do preconceito. Porém, com o tanto de conteúdo, é importante que existam outras formas de narrar nossas histórias para que outras pessoas LGBTQIA+ se sintam representadas como eu me senti lendo o mangá.

Our dreams at dusk
©Our dreams at dusk

Posso até ir além e destacar que são raras as obras japonesas, fora dos nichos ditos anteriormente, que destacam um personagem “L”, “G”, “B”, “T”, “Q”, “I”, “A” e etc sem cair em estereótipos.

E Our dreams at dusk é um dos mangás que mais apresentam diversidade que já li em toda minha vida de otaku.

Personagens trans, lésbicas, gays e assexuais, de diferentes idades e passando por problemas são representados na obra. Isso não só permitem uma abrangência de corpos, mas falar de assuntos que outros passam.  Abordando questões que enfrentam ao longo da vida e que possivelmente irão enfrentar ainda.

Our dreams at dusk
©Our dreams at dusk

Queria muito que esses problemas abordados fossem apenas de um passado sombrio. Infelizmente, em todo o globo, essas questões são mais frequentes do que gostaria. Mas com o passar do tempo, posso ver mudanças ao longo do tempo que trazem esperança.

Como sou um redator de notícias, não posso deixar de trazer informações.

No Japão, os direitos LGBTQIA+ não tem igualdade jurídica total (realidade de muitos países). E mesmo que seja um país com poucos casos que venham ao público sobre descriminação, casais homossexuais, por exemplo, ainda não tem resguarda para casarem legalmente.

Mas aos poucos, medidas estão sendo tomadas. Em 2017,  o ministério de educação adicionou os conceitos de orientação sexual e identidade de gênero à política nacional antibullying. A política determina que as escolas devem evitar o bullying de estudantes em decorrência de orientação sexual ou identidade de gênero.

E mais recentemente, em 2020, uma lei foi promulgada no Japão de criminalizar pessoas, como os “amigos” de Tasuku que tentaram tirar ele do armário a força, pois essas ações podem prejudicar as pessoas de forma física e psicológicas. Ou seja, se fosse uma situação real, talvez o personagem tenha conseguido uma indenização e apoio nos tempos de hoje.

Por isso que a história apesar de mais lúdica que possa parecer traz uma narrativa mais perto de um real positivo possível. O mangá trata de situações tão sensíveis a muita gente, mas a forma que é abordada não causa uma sensação de impotência.

Our dreams at dusk
©Our dreams at dusk

Mesmo que existam altos e baixos em nossas conquistas, podemos sonhar e ter esperança.

Por isso que o significado do título é relacionado a sonhar, é sonhar com um mundo melhor, sonhar com as possibilidades de um lar, sonhar em viver sua vida sem ser questionado, algo que todos os personagens de Our dreams at dusk buscam.

E é o que cada um de nós também tentamos alcançar e sonhar. Por uma vida sem ter medo.

Já leu o mangá? O que achou? Quer falar sobre algo que te incomoda?

Você pode me contar qualquer coisa aqui nos comentários, mas eu não vou perguntar.


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