Uma das características mais marcantes dos povos antigos e até mesmo atuais é a capacidade de criar mitos e lendas para explicar fenômenos tidos como “sobrenaturais” ao povo da época. Enquanto a ciência e a tecnologia atuais não permitem tanto espaço para que essas histórias surjam como no passado, muitas dessas mitologias ainda permeiam as histórias fantásticas que saem de algumas das mentes mais brilhantes.
Foi assim que tivemos o surgimento de histórias de terror como Frankenstein, de Mary Shelley, O Médico e o Monstro, de Robert Louis Stevenson, e Drácula, de Bram Stoker. Além de histórias com alto grau de entretenimento no século XIX, os contos também representavam alegorias para questões sociais, políticas e religiosas da época.
Tais histórias logo se espalharam pelo mundo, inspirando relatos e versões das mais diversas formas graças à diversidade cultural e intelectual das nossas nações. E no Oriente, mais especificamente no Japão, o gênero de horror baseado em mitos ocidentais encontrou um espaço enorme de exploração por meio dos mangás.
Dentre os mitos, os vampiros são uma das criaturas que mais nos fascinam. O mesmo vale no caso do mercado de mangás japoneses, uma vez que algumas das grandes obras exploram o mundo sombrio dos “donos da noite”.
É nos mangás de ação que os vampiros se sentem mais “em casa”
Muitos dos mangás mais famosos da história vêm do ramo de histórias de ação, e é no gênero de “shounen” que encontramos boa parte das obras de mangás com temática vampiresca.
Uma das histórias mais famosas de mangá com vampiros como protagonistas é Hellsing. A trama criada por Kouta Hirano em 1997 conta a história de uma organização baseada na Inglaterra que em tempos modernos continua lutando contra vampiros e outros monstros, lançando mão de sua maior arma, o vampiro Alucard. No Brasil, a sangrenta adaptação de anime do mangá foi transmitida pelo canal Animax em 2005.
Outra história de vampiros bem famosa é Vampire Hunter D. O primeiro volume da obra de Hideyuki Kikuchi foi lançado em formato de livro em 1983 e, desde então, inspirou várias adaptações em formato de anime, novelas de áudio e mangás que são reproduzidas até hoje. Tal trama conta a história do caçador de vampiros D, que vaga pelo planeta Terra dominado por vampiros após uma guerra nuclear para lutar contra eles.
Além disso, temos também a série Monogatari. Outra obra originada em livros, e criada pelo escritor Nisio Isin, que tem ganhado adaptação para os mangás desde 2018, após grande sucesso literário e televisivo por meio de vários animes lançados desde 2009. Em Monogatari acompanhamos a vida de Koyomi Araragi, que após sobreviver a um ataque de uma poderosa vampira durante suas férias de primavera, se vê enfrentando seres sobrenaturais com a ajuda de várias amigas encontradas durante sua jornada – incluindo a vampira que o atacou no início da trama.
Nosso fascínio não existe à toa
À primeira vista, nosso fascínio por histórias fantásticas como a dos vampiros pode parecer estranho, ainda mais considerando como tais mitos não têm mais surgido em tempos nos quais a ciência reina. Entretanto, para entender o apelo destas histórias, basta checar o quão dominante elas foram (e são) em vários dos universos e das obras mais apreciados em nossa cultura.
A saga Crepúsculo, que conta o romance entre o vampiro Edward e a humana Bella, virou uma franquia de bilhões de dólares por meio da venda de livros e da bilheteria das adaptações das obras para o cinema. O jogo de RPG de mesa Vampire: The Masquerade, por sua vez, é parte da “tradição” do movimento gótico desde sua criação, na década de 1990. No entanto, a influência dessas criaturas na cultura pop não para por aí e invade outros setores da indústria do entretenimento, conforme ilustram o caça-níquel Immortal Romance, disponível na plataforma da Betway caça-níqueis online, e também a série True Blood, da HBO, que foi grande sucesso de audiência e de crítica durante sua transmissão na TV fechada. Ambos têm o mundo dos vampiros como inspiração.
Além da qualidade destas peças, o elemento-chave do apelo dos vampiros é justamente o ar de mistério que emana destes seres. Muitos deles acabam tomando a forma de figuras poderosas dentro da nossa sociedade, seja por conta de superioridade intelectual e/ou do benefício de viverem eternamente. Tais características fazem com que surja uma forte admiração por estas figuras que permeiam nossas mentes há tanto tempo.
O futuro
Enquanto a criação de mitos pode ter diminuído de ritmo nos últimos anos, histórias inspiradas nestas lendas não perdem o apelo. Muito disso se deve aos diversos períodos políticos e econômicos conturbados pelos quais o mundo passa e que colaboram com a inspiração de autores que buscam usar de alegorias do passado para contar histórias do presente.
Os mistérios que o mundo dos vampiros carrega também são parte disso. É por meio da exploração destes segredos que jogos como o supramencionado Vampire: The Masquerade, com sua infinidade de facções, barões, príncipes e tradições, acabam surgindo. Suas histórias, mesmo tendo sido criadas há décadas, são flexíveis o bastante para não ficarem datadas no nosso contexto atual.
Entretanto, existe também a motivação financeira para que essas criaturas nunca caiam no esquecimento. Vampiros são seres conhecidos no mundo todo, como mostra a diversidade de obras ocidentais e orientais que tocam no assunto. A familiaridade com tal lenda faz com que o público tenha uma conexão forte com as histórias, o que por sua vez facilita que seja gerado dinheiro a partir do sucesso desses enredos.
Pode até ser que estejamos longe de ver outro sucesso dentro do universo de vampiros da dimensão de Crepúsculo. Entretanto, isso não quer dizer que eles encontraram a morte definitiva. Quando menos se espera, eles podem estar à nossa espreita.
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