Especial Shonen West: Fablend Belo e mágico

Josué Fraga Costa
(Redator)
Fablend
©Fablend

Na série de especiais da Shonen West, que estaremos postando ao longo de 2025, trago uma interessante obra com grandes potenciais artísticos, Fablend, de Maurício Lima, lançado em agosto de 2024, na segunda edição da revista, lançada na plataforma.

A obra por enquanto conta com um único capítulo, e atualmente está na sexta posição da plataforma em preferidos pela comunidade assinante do serviço de mangás, mas creio que mereceria estar ainda mais alta na colocação. Um dos motivos que escolhi a Fablend logo de cara foi o belo visual, inclusive, quando entrevistei a equipe da Shonen West pela primeira vez, uma das imagens da capa foi exatamente a capa da obra, com Scintilla sendo a figura principal do visual.

Há o famoso ditado de que não se deve julgar um livro pela capa, mas, se tiver um visual atrativo, não há como ignorar. Um dos pontos que discuti na entrevista que deu início a toda esta série especial, foi exatamente a questão da qualificação das obras que a plataforma está expondo, e vendo a confiança da equipe, pude finalmente compreendê-los nisso.

Fablend
©Fablend

O principal desafio que vejo para se entregar um mangá no Brasil, é o traço aplicado e sua respectiva personalidade. Mesmo nos mercados estabelecidos dos EUA e Japão, entregar personagens bem desenhados e cenários que casem com a proposta da obra, e que ainda tenha destaque por ambas, não é uma tarefa fácil.

E Fablend traz um visual muito belo e que faz jus ao nome, já que o enredo se propõe com uma fantasia envolvendo fadas e humanos, nada melhor do que traços e expressões mais suavizados e arredondados, com um ar de leveza, para compor tal enredo, algo que o quase xará de nome, Fable, fez muito bem nos jogos (pelo menos até o Fable III), e é algo que consegue cativar a atenção do leitor logo de cara.

Os monstros do mundo de Fablend tem características clássicas das fábulas, um deles inclusive, com um sendo uma abóbora com tentáculos, e que mostrou grande originalidade para o visual geral da obra. Scintilla, uma das duas figuras que compõe o protagonismo, tem um visual belo e bem convincente, sendo simples e cativante, já que está inserida num contexto de pobreza e rejeição, mas que mostra com tudo isso uma simpatia impar com suas reações.

Fablend
©Fablend

Alvyn, o outro protagonista, tem o visual de fadas básico, porém, com bons toques de sua excentricidade e surpresas, já que ele desenvolve mecanismos de batalha, que transmitem sua personalidade de maneira bem expressa. O cenário feudal, típico dos contos de fada, mostram bem a ambientação na qual os personagens são inseridos, com uma diferença entre a vila das fadas e a cidade dos humanos, o que mostra uma boa atenção aos detalhes.

As reações dos personagens também são muito bem propostas e executadas, sendo uma importante forma de transmitir a persona dos personagens, o que acaba por conectá-los ao expectador. Alvyn demonstra muita ansiedade em seu olhar, enquanto Scintilla tem um tom mais moderado, confiante e direto.

No geral, o visual passa facilmente por obras do Japão, tem personalidade nos traços, cenários bem compostos em cada ambientação da obra, e é cativante para a leitura. Não são somente os protagonistas que receberam atenção, os secundários compõem bem o cenário e enredo de Fablend.

Fablend
©Fablend

O enredo de um conto de fadas foi bem demonstrado sobre o visual da obra, e o enredo é bem guiado por isto. Scintilla é uma adolescente/jovem que sofre com maldições que a perseguem, na forma de monstros que a atacam pela noite, o que a faz ser bastante solitária e mal vista por outros humanos.

Alvyn é filho de uma fada que conseguiu conviver com estes humanos, o que é mostrado mais à frente, e logo no começo se estabelece que tal envolvimento com os humanos é muito raro e perigoso para as fadas, mas não proibido. E numa das andanças de Alvyn entre os humanos, ele vê Scintilla fugir da ira de populares que a chamavam de bruxa, e decide segui-la, e aqui temos o corpo do enredo.

Uma dupla que vai contra todas as chances, onde um acaba por completar o outro. É de se colocar que o começo da obra é literalmente um conto de fadas, com um pivô criado e que é seguido à risca. Uma fada que desenvolveu um artefato mágico, que deveria ser entregue a um humano, mas que acabou morrendo e não completou sua missão.

Fablend
©Fablend

E ligar os pontos aqui não foi tarefa difícil, já que a fada em questão é a mãe de Alvyn, e a pessoa que iria receber tal artefato, seria a própria Scintlla, não à toa, ela é a capa de Fablend. Alvyn ouviu de sua mãe sobre a missão, e a acompanhou na confecção do artefato mágico, mas nunca soube da humana com quem ela mantinha contato. Vale ressaltar a boa forma com que este roteiro é colocado, sendo fácil de entender e ao mesmo tempo não sendo tão óbvio.

Tudo tem uma progressão bem linear e direta, e segue uma linha temporal única, que não te deixa perdido quanto aos acontecimentos da obra. Logo após ambos saírem do primeiro cenário, já na floresta, um pequeno encontro não muito ortodoxo ocorre, com Scintilla capturando quem a seguia, que seria Alvyn. Ela conta por que é vista como bruxa e se mostra bastante receptiva quanto a Alvyn, o que leva a fada a convidá-la para sua casa.

E por uma torta, Alvyn foi capaz de reconhecer quem Scintilla realmente era, já que sua mãe ensinou uma receita que aprendeu com os humanos, a qual, compartilhava com a pequena humana. O laço que acabou unindo ambos os protagonistas, é digno de um conto de fadas, sendo bem leve e lúdico, e casa com a proposta da obra.

Fablend
©Fablend

A batalha contra a maldição sofrida por Scintilla tem resolução no artefato deixado por sua fada, e tudo se encaixou dali para frente. Scintilla não demonstra tirar um poder da cartola, e sim mostrar que o artefato mágico foi feito pensando perfeitamente nela, que já vinha enfrentando sozinha os monstros que a perseguiam, então, tendo uma habilidade anterior que serviu de base para o artefato, que se transforma num par de botas mágicas com uma lua minguante de insígnia.

Alvyn não é somente um pivô para que a missão de sua mãe fosse concluída, mas atua diretamente na batalha que encaminha para o final do capítulo, usando máquinas feitas por ele, me lembrando na hora das máquinas que usavam magia de Skyrim, feitas pelos anões e deixadas nas ruínas de suas cidades.

O enredo é prático e bem demonstrado, e à parte do mistério que ronda a protagonista, até sendo um pivô para o futuro da obra, tudo é muito bem mostrado e resolvido. As conexões dos personagens e seu relacionamento são belas e exalam fantasia, na qual a obra é baseada.

Sinopse:

Em um mundo de fantasia onde a sociedade das fadas coexiste com a dos humanos, uma garota terá que tomar difíceis decisões que podem mudar o rumo de sua vida!

Expectativas:

Fablend
©Fablend

Devo dizer que estou positivamente surpreso em ter lido a obra de Maurício Lima, e geralmente, minhas surpresas têm sido bastante positivas, se você já é meu leitor aqui Anime United.

O visual da obra é belo e tem personalidade bem lastreada nos contos de fadas, não à toa, acredito ter sido o suficiente para que Scintilla fosse parte da capa de magazine na edição de seu lançamento, mesmo antes de seu lançamento, na primeira edição da Shonen West, ela estava dando o ar da graça.

O enredo é bem fácil de ser compreendido, não necessariamente um roteiro mais simples significa ser previsível ou mesmo demonstrar uma pobreza de sua composição, mas sendo uma obra completamente nova, é necessário ser direto no que a obra propõe, o que é outro ponto positivo da obra. E sendo bem honesto, é raro de ver algo relacionado a um conto de fadas hoje em dia, mesmo Fairy Tail, foi mais para um rumo de usar a magia em batalhas, com alívios cômicos e um bom ecchi.

Fablend
©Fablend

E um que transmita as fábulas para um mangá, e que me faça gostar de tal coisa, já que não posso dizer que é um gênero que acompanho assiduamente, é ainda mais raro. Gostei de ver o formato de dupla para os protagonistas, onde não somente um completa o outro, mas como cada um tem seu espaço bem colocado no enredo e seu desenvolvimento.

Na verdade, o único ponto negativo que posso ressaltar aqui é a falta de mais capítulos de Fablend. O feeling da obra é espetacular, o que faz realmente a pessoa prender naquilo que está sendo exibido. Fablend é tudo aquilo que um bom conto de fadas é conhecido por ser, transmitido pelo seu belo visual e traços cheios de personalidade.

O enredo é fácil de ser compreendido e facilmente lido por qualquer um, e os personagens são completamente bem colocados nele. A narrativa é bem desenvolvida e a leitura te deixa preso. Se o autor da obra estiver lendo, e ainda tenha algum questionamento sobre o que fazer com ela, continue! A obra tem personalidade própria e é rica em detalhes. Caso você esteja procurando algo realmente novo para ler, Fablend é uma opção que com certeza merece sua atenção, com boas cenas de ação, bom diálogo, humor leve, é a escolha para quem quer cair de cara no mundo da magia!

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