Se tem algo que desde 2022 faço aqui na Anime United, é comentar um pouco sobre o background das animações japonesas, desde seus processos criativos, até seu mercado.
Tenho uma experiência de 22 anos acompanhando animes dos mais variados disponíveis, de desconhecidos do grande público, como Suzuka, a isekais conhecidos, como Konosuba, e literalmente de tudo entre eles. Já pude falar do porquê de consumirmos mais da cultura asiática, já que a cultura ocidental tem sido jogada no lixo pelo próprio Ocidente, que vem poluindo suas obras com militâncias imbecis, e uma clara ingerência de conteúdo, ao trazer o que não é do anseio popular.
E em algumas dessas análises, já fiz matérias sobre os responsáveis por trazerem esta cultura japonesa, as produtoras e plataformas de streaming. Disney, Amazon Prime Video, Crunchyroll, Netflix, estão comprando cada vez mais animes, já que o Ocidente se automutilou por uma série de anacronismos e políticas toscas, que destruiriam os percussores da animação mundial.
E os animes tem sido uma fonte de renda muito forte para estas produtoras e plataformas, tanto de fato, que basta ver quais obras estão sendo derivadas deste sucesso asiático por aqui, como a pífia adaptação live action de Cowboy Bebop, ou o sucesso de One Piece live action, e uma nova versão em anime da obra, feitos pela Netflix.
Eles existiram, não por um clamor do público ocidental, tão pouco foi algo proposto pelos japoneses, e sim, uma forma de fazer um caixa com uma obra travestida de Oriente, mas produzida pelo Ocidente.
E por conta deste envolvimento das produtoras ocidentais com obras orientais, certas dinâmicas ruins e decisões toscas, vem ocorrendo. Para não passar um dia inteiro citando exemplos, temos o caso da Crunchyroll censurando a zona de comentários em sua plataforma, e no caso do live action de Cowboy Bebop, nem sequer envolveram os autores do clássico japonês. E nem me faça falar das pequenas censuras toscas que estas grandes produtoras vêm forçando nos animes, sejam em falas, sejam em frames adaptados.
A mais recente decisão sobre o mercado de animes, no entanto, pode ser uma das piores decisões já tomadas em relação ao conteúdo japonês, vídeos curtos.
E se já não tomaram decisões ruins o bastante, a Crunchyroll parece querer reinventar a roda, ao propor que as novas animações sejam focadas no público do TikTok. Recentemente, em matéria aqui na Anime United, a diretora de operações da Crunchyroll, Gita Rebbapragada, e o presidente da plataforma e que foi o diretor de operações, Rahul Purini, foram entrevistados pela Nikkei Xtrend, anunciando intenções futuras de animações mais curtas, voltadas a tendências mais novas de vídeos curtos, propagados pelo TikTok.
Rahul disse: “A maioria dos animes tem de 21 a 24 minutos de duração. Enquanto isso, as gerações mais jovens estão acostumadas a assistir a vídeos curtos de 2 a 4 minutos um após o outro (no TikTok etc.). Precisamos pensar em como contar histórias de anime de forma diferente do que tradicionalmente fazemos. O próprio ecossistema de anime precisa continuar a evoluir. ”
E isso pode ser simplesmente a desfiguração mor que os animes podem sofrer, caso isso venha a ocorrer nos próximos anos. Pois, ainda visam diminuir o tempo de produção dos animes, que estão com cerca de vinte minutos de duração plena, ou seja, retirando abertura e encerramento, anúncios de próximos episódios, e as pausas durante os episódios.
E há certos problemas que os cabeças da Crunchyroll talvez estejam ignorando ao tomar este tipo de decisão. Neste texto, elencarei estes problemas, apresentando alguns estudos feitos entorno da proposta de vídeos curtos, como os reels do Instagram e o TikTok, além das dinâmicas de animação, atualmente decorridas no atual mercado.
Incompatibilidade de público
O primeiro equívoco é a faixa etária na qual eles se baseiam, para difundir mais conteúdo em sua plataforma. Segundo o estudo realizado pela InternatLab intitulado: Uso e impacto de plataformas de vídeos curtos por adolescentes do Brasil, destacando o levantamento feito pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), “plataformas de vídeos curtos, como o TikTok, Kwai ou Instagram Reels, são o tipo de aplicativo mais utilizado por adolescentes entre 13 a 17 anos.”
Este que vos fala, já teve também seus 17 anos de idade, isto em 2014, e hoje tenho 27, e não precisa fazer as contas, sou de 1997. E por que falo isso? Simples!
Como diz um velho ditado, quem não morreu jovem, de velho não passa. Assim como os anos passaram, as minhas necessidades também foram mudando ao longo dos anos, e certas coisas que eram habituais para mim quando eu era um adolescente, hoje já não cabem por uma questão muito simples, estas necessidades só me couberam por conta da minha faixa etária, e logo, elas perderam espaço em minha vida, e uma destas necessidades, era o entretenimento.
Num dia, você era uma criança que gostava de ver desenhos no Bom dia e Cia, TV Globinho, e no outro, um adolescente fascinado nos esportes. E sim, este citado era eu. E não é diferente com as pessoas, que ao longo dos anos, foram tendo novas necessidades e desejos do que consumir, fazer e compreender.
Se eles planejam focar num público que é bastante conhecido mundialmente por alterar rapidamente a percepção de consumo, principalmente no entretenimento (que são os adolescentes), querer focar num público que daqui a pouco terá 20 anos ou mais, e já não se interessem em ver a reels, shorts, e similares, é focar a estratégia a um curtíssimo prazo, que pode simplesmente se esvaziar em pouco tempo, já que as crianças de hoje com 7 ou 10 anos, logo terão esta mesma faixa de alcance, e podem muito bem ser do tipo que prefiram conteúdos mais longos, ou mesmo, outros tipos de entretenimento.
Hoje, o Brasileirão não compete somente contra outras ligas de futebol, como a Bundesliga, Premier League, J-League, ele compete diretamente com a Fórmula 1, NBA, festivais musicais dos mais variados, e por aí vai. Não somente ocupam espaço numa grade de transmissão de uma emissora, e disputam a tapa os patrocinadores, (falo isso com vivência recente), mas estão ligados na área do entretenimento, já que oferecem preços em seus ingressos, suas atividades ocupam uma gama de serviços localmente, como a rede hoteleira, por exemplo.
Outras dinâmicas envolvendo o consumo de conteúdos curtos, pelos adolescentes, podem não ter um impacto desejável. No mesmo estudo da IntenetLab, realizado com 846 adolescentes é informado que “69% dizem que adolescentes costumam acessar a Internet escondido dos responsáveis”. Os animes já são demonizados o suficiente por diversos grupos sociais, o que os pais ou responsáveis diretos destes adolescentes diriam se descobrissem que estes adolescentes estivessem consumindo um conteúdo não autorizado? E ainda tendo o adendo de que “36% relatam que seus responsáveis reclamam que ficam muito tempo no celular.” Página 8/88 – ENTRE A SEGURANÇA E A PRIVACIDADE.
Se o objetivo é permear a ideia dos animes em uma versão curta, eu garanto, não vai funcionar!
Isto é agravado, pelo fato do estudo mostrar um dado bem curioso. Quando indagados se ficariam menos tempo no celular, 57% dos entrevistados responderam que se na cidade ou bairro em que moram, tivessem mais opções de lazer, segundo a visão de educadores. Indo de encontro com o que mencionei sobre o Brasileirão, o entretenimento está tendo múltiplas concorrências dentro de si. Página 7/88 – PRODUÇÃO, CONSUMO E INTERAÇÃO
Incompatibilidade de formato
Curtas não são uma novidade na indústria da 7ª arte, aliás, o primeiro filme da história é Roundhay Garden Scene, filmado em 1888 pelo francês Louis Le Prince. O filme tem apenas 2 segundos de duração e mostra quatro pessoas caminhando em um jardim em Leeds, Inglaterra.
Ok, pode ter sido uma demonstração deslocada, até por conta da tecnologia da época, mas os filmes, e principalmente as animações de antigamente, eram meros curtas. Puss Gets The Boot, a primeira versão de Tom & Jerry, em 1940, tinha 9 minutos de duração.
Os Merrie Melodies, tinham este nome por conta da música na qual os episódios decorriam, tinham animações que variavam dos 2 aos 8 minutos de duração. Quem não lembra dos curtas da Pixar antes dos filmes? Como A Banda de Um Homem Só.
Ou mesmo, um que eu mesmo fiz análise aqui no site, On Your Mark, criado pelo grande Hayao Miyazaki. O curta que existe meramente como uma forma de superar um bloqueio artístico, que o famoso autor japonês estava vivenciando ao fazer Princesa Mononoke, e que segue a música de mesmo nome, com um pouco menos de 7 minutos, e com todo brilho dos Studios Ghibli.
Agora, estes curtas citados, ainda assim, não se encaixam dentro destas plataformas de vídeos curtos, por conta do tempo, e principalmente, a formatação da obra.
Primeiro, o tempo de um reels é de no máximo 90 segundos, ou seja, um minuto e meio, e mesmo no TikTok, que pode ser carregado em 10 minutos, ainda sim, estão longe de um período hábil de tempo para se desenvolver qualquer coisa, principalmente quando vem de uma adaptação de mídia, seja ela, um mangá, um jogo, uma novel ou light novel.
A última animação que vi com uma duração tão curta, foi Miru Tights (não me pergunte como eu sei deste anime), com episódios que não passavam de um total de 4 minutos, e ainda sim, é uma animação original completa, que não se deriva de absolutamente nada, a não ser da admiração do autor por meias-calças em belas moças.
On Your Mark, ocorre durante uma música de mesmo nome, mas o tema é totalmente original de Hayao Miyazaki, tal qual os curtas de Tom & Jerry, e os mais de 1.041 curtas lançados entre 1930 e 1960 de Merrie Melodies, da Warner Bros.
E este ponto leva ao próximo, já que em todos os exemplos possíveis, com exceção de alguns hentai, curtas são projetos totalmente originais, e mais recentemente na história, servem como uma demonstração das capacidades criativas gerais, que abrangem a animação, traços, roteiro, sonoplastia, e etc.
E por mais que eu ame animações originais, que pude trazer a análise de alguns aqui no site, como Yurei Deco, Bucchigire, e o mais recente sucesso, O Incrível Circo Digital, são minoria se comparado com a quantidade de adaptações, e seja qual for o material originário, já tinham uma grande base de fãs, como foi o caso de Nier: Automata, um jogo mundialmente conhecido, e que recentemente ganhou uma animação oriunda do jogo.
Como o estudo traz à tona, 85% dos entrevistados, acreditam que os vídeos curtos trazem entretenimento em tempo rápido, e que 82% sentem que provocam a curiosidade para assistir cada vez mais vídeos. Ou seja, nenhuma das animações transmitidos pela laranjinha, se encaixariam nos moldes do público de vídeos curtos. Página 6/88 – PAPEL DE VÍDEOS CURTOS NA PERSPECTIVA DE ADOLESCENTES
Memes decorrem em dois minutos, pequenos esquetes de humor, também, mas algo tão mais elaborado quanto as animações, e principalmente as que vem do Japão, nunca se encaixariam neste formato. Eu mesmo, vejo a vídeos curtos vez ou outra, com cortes de séries, animações, trechos diversos de esportes, e posso comprovar que eles me estimulam a buscar a fonte completa destes meios de entretenimento, mas não a permanecer com eles naquele formato.
A pessoa que fica muito tempo neste tipo de formato, tende a não permanecer dentro de uma mesma coisa por muito tempo, e uma sequência estaria totalmente fora de cogitação para este tipo de público. Se não for original, se não for um trabalho de exibição das capacidades técnicas, não teria sequer espaço no mercado para existir.
E por mais que um ou outro no mercado de animações no Japão, como Masayuki Ozaki, que fundou o estúdio Creadom8, esteja disposto a entrar neste nicho, o mercado como um todo não está resumido no desejo de uma corporação, mesmo que seja a poderosa Sony.
E o que a Ford, GM, Volkswagen, estão aprendendo recentemente, com o fiasco do carro elétrico? E um pequeno contexto aqui, estas fabricantes anunciaram novos veículos elétricos e o encerramento de toda uma gama de veículos, em favor da eletrificação da frota de veículos, e deram de cara no chão, quando as vendas destes veículos elétricos simplesmente ficaram muito abaixo das projeções iniciais.
A Ford, com seu F-150 Lightning, teve de interromper a produção do veículo recentemente, já que as vendas correspondem a meros 3,6% das vendas da linha F-150. A GM, com sua Blazer EV, e uma interrupção de investimento que passa dos US$ 4 bilhões de dólares, pelo mesmo motivo da rival de Detroit. E a VW, lançando uma plataforma de elétricos que nasceu velha, enfrenta uma crise que ameaça fechar fábricas inteiras na Alemanha, por conta desse fiasco.
E por que de repente citei o exemplo das fabricantes? Calma, não fiquei louco (ainda)! Se não for uma demanda do consumidor, e algo que o mercado como um todo esteja direcionando-se por conta do consumidor, será jogar dinheiro fora, e olha que, enquanto a GM está cautelosa em uma única linha de sua ampla gama de veículos, nessa brincadeira foram embora US$ 4 BILHÕES, a Crunchyroll lucrou US$ 1,1 BILHÕES em 2023, com vendas no varejo de produtos e experiências de consumo licenciados, e óbvio, as assinaturas na plataforma, entendem onde quero chegar?
Não dou meu braço a torcer para um investimento em uma área tão nichada, e sem demanda de mercado. Shigeo Akahori, um dos animadores da Ghibli, fala sobre as animações curtas como “atraindo amadores e animadores que tinham ideias, mas não tinham onde colocá-las em prática”, quando que há um equívoco tácito na afirmação, e aqui volto a citar O Incrível Circo Digital.
Gooseworx, como é conhecida Cooper Smith Goodwin, a autora da obra, já tinha um canal no YouTube com animações próprias, financiadas pelo seu público, como Ghost of the Year, disponível para todos, com quase 2 milhões de visualizações na plataforma e quase 7 minutos de duração, ou Elain, com quase 6 milhões de visualizações e incríveis 17 minutos de duração.
Quando foi devidamente financiada, criou O incrível Circo Digital, com episódios de 20 minutos de duração, e só seus dois primeiros episódios, com centenas de milhões de visualizações cada um, e o terceiro episódio, com mais de 40 milhões de visualizações até o momento. Ou seja, mesmo animadores independentes, quando devidamente financiados e apoiados, mostram uma tendência de animações de tamanho normal. Qual otaku brasileiro não assistiu ao o Amigo Oculto da Akatsuki, no YouTube? Animação bem básica, com milhões de visualizações, com dois episódios com cerca de 20 minutos de duração, muito bem preenchidos.
Incompatibilidade de mercado
Outro problema crasso nos vídeos curtos, é a repetição e pobreza de conteúdo, já que o que ocorre quase que de forma obrigatória, a maioria dos vídeos são meras tendências que se esvaíram como a fumaça, ou cópia de outros criadores de conteúdo. No texto do site Rio Branco, exibindo a fala de Carolina Sperandio, diretora da Unidade Granja Vianna do Colégio Rio Branco, explica que;
“Os vídeos curtos são viciantes devido ao seu mecanismo programado para este fim e à sua natureza dinâmica e estimulante”. Vídeos de até 30 segundos acionam respostas neurológicas de recompensa com a liberação de dopamina, um dos hormônios da felicidade, no cérebro. O excesso de exposição a esses conteúdos gera redução da capacidade de atenção sustentada — aquela que permite o foco em uma só tarefa por um longo período. A especialista refere-se ao fenômeno como “tiktokização da atenção”.
Se Naruto, com extensos 720 episódios e fillers tremendos, tem o sucesso e relevância que tem hoje, é por conta da fixação que seu público teve ao longo da obra. E nem me fale de One Piece, que está no ar desde que eu era um bebê. E mesmo obras mais novas, como Tonikaku Kawaii tem seu espaço definido pela atenção de seus fãs. Pessoas que consomem TikTok, estão cada vez mais propensas aos males do TDAH, e nunca dariam atenção a uma obra, seja ela qual for, se fossem feitos em formatos tão curtos.
Incompatibilidade de ideias
Ainda sobre a pesquisa da InternetLab, quando indagados sobre qual a perspectiva dos adolescentes sobre vídeos curtos, foram feitas as seguintes perguntas, com seus respectivos resultados:
- Trazem entretenimento rápido: 85% dos entrevistados concordaram;
- Provocam a curiosidade para assistir cada vez mais vídeos: 82% dos entrevistados concordaram;
- São feitos principalmente para gerar engajamento, receber mais likes: 68% dos entrevistados concordaram;
- Têm que ser rápido e com linguagem fácil para todo mundo entender: 67% dos entrevistados concordaram;
- Transmitem informações que costumam ser importantes: 13% dos entrevistados concordaram, e 66% discordaram
Página 21/88 – O QUE SÃO “VÍDEOS CURTOS”? POR QUE ASSISTI-LOS?
O que me leva a ter a seguinte interpretação sobre este levantamento:
- As pessoas que assistem a este formato de vídeo, não acham seus conteúdos relevantes em informação, e não resuma somente informação, como o relato de trânsito ou um escândalo de qualquer natureza, e sim o relevo do que está sendo mostrado. Ou seja, a importância do que está sendo mostrado, simplesmente é efêmera, e se tem algo que qualquer conteúdo do entretenimento necessita ter, é importância, que gera sua relevância no mercado;
- A preferência por uma linguagem fácil de compreensão, pode estar ligada aos fatores que assolam nosso país, como o analfabetismo funcional, já que falar corretamente nosso idioma, se transformou em algo “elitista”. Ou seja, se querem algo mais fácil, não necessariamente simples, já que são duas coisas bem distintas, não espere por algo detalhado ou meramente bem elaborado. Espere conteúdos bem pobres, como são os virais que movimentam estas plataformas;
- Eles mesmos acham que os vídeos só servem para gerar engajamento, o que pode ser ridiculamente momentâneo, ou seja, qualquer coisa feita neste molde, envelhecerá como leite.
Conclusão
O desperdício de energia e dinheiro com isto é risível, e em nada tem de se importar com o mercado consumidor, ou se atentar para algo ainda não explorado.
E depois do que a Netflix fez a Cowboy Bebop, com uma série intragável, tenho um receio que está crescendo cada vez mais, que seria ver animes japoneses nas mãos de produtoras ocidentais, e tendo o mesmíssimo resultado das animações ocidentais, que caíram no mar do esquecimento e irrelevância, como Velma, Mestres do Universo, e outras tantas obras fracassadas.
Tenho contato com adolescentes em vários meios de vida, e posso afirmar, os que gostam de animes, nunca veriam um anime neste tipo de formato. A própria indústria, não está com indicadores neste nicho, aliás, o último “grande” movimento dentro da indústria de animações, foi a exploração de animações originais, para que os estúdios retenham mais lucro, já que adaptações tem ganhos distribuídos entre várias entidades responsáveis pela obra, desde o mangaká ou desenvolvedora de jogos, as produtoras, plataformas de exibição, até o estúdio responsável pela animação.
E mesmo assim, as adaptações são o grande atrativo, e o carro chefe de fato dos estúdios, que estão saturados de horários para produções, que em boa parte do tempo, não dão a audiência esperada. As plataformas de vídeos curtos servem no máximo, e sendo bastante otimista, para propagar algo.
E quando apenas 11% dos usuários deste tipo de plataforma, são produtores de conteúdo, algo me indica que não valeria o esforço para criar conteúdo do tipo que facilmente seria feito por pessoas comuns. A relevância tende a ser fraca neste tipo de formato, veja quando o TikTok inventou de transmitir a Copa do Mundo de 2022, com engajamento pífio, se comparado ao YouTube.
Animes não se encaixam em formatos curtos, a não ser que sejam feitos comerciais para eles, caso contrário, a literatura mostra que seria um tiro no pé tentar ajusta-los aos reels da vida. Se a Crunchyroll não aprender com o fiasco dos carros elétricos da Ford, GM e VW, e outras fabricantes tradicionais, vão seguir o mesmo caminho, e mesmo a poderosa Sony, não tem o poderio financeiro das grandes fabricantes para suportar o baque nas finanças do mesmo porte.
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