A escolha da vez é um anime relativamente recente, mas que só teve “relevância” no seu ano de estreia. Gleipnir é um anime de 2020 produzido pelo estúdio PINE JAM, que merecia ser destaque por muito mais tempo e, inclusive, está disponível na Crunchyroll para quem quiser assistir.
Sinopse:
Shuichi Kagaya, é um garoto comum do ensino médio em uma cidade chata. Mas quando uma bela colega de classe é pega em um incêndio no armazém, ele descobre um poder misterioso: ele pode se transformar em um cachorro peludo com um revólver enorme e um zíper nas costas. Ele salva a vida da garota, compartilhando seu segredo com ela. Mas ela está procurando a irmã que matou sua família, e ela não se importa com o quão degradante fica: ela usará Shuichi para cumprir sua missão…
Como entendemos pela sinopse, em Gleipnir tudo se desenrola em torno da procura por moedas e do desejo por poderes sobrenaturais que fazem humanos serem capazes de tudo o que eles mais desejam. No anime vamos acompanhar um protagonista que vive dizendo que não é o personagem principal daquela história, mas estranhamente as reviravoltas tornam-no uma figura central muito importante.
O que mais me atraiu em Gleipnir é como tudo começa da metade e, no decorrer do enredo, somos apresentados aos fatos que ligam cada um dos acontecimentos e retornam naturalmente ao início de tudo. De maneira suave a origem dessa guerra e os responsáveis são apresentados em meio a toda a ação e conflitos violentos e sobrenaturais.
Shuichi é o nosso, até então, protagonista que não sabe como se tornou uma fantasia e porque logo isso, mas o que ele sabe é que deve ter sido para algum propósito, já que ele não é forte o suficiente para sobreviver sozinho e precisaria de alguém para preencher seu vazio. Da mesma forma, mas não igualmente, Clair é uma garota forte e sem pudor que também precisa preencher seu próprio vazio e encontrar um lugar seguro para se apoiar. Apesar de destemida, ela tem sua fragilidade e encontra em Shuichi esse porto seguro, afinal ele é a bondade e a compaixão que ela precisa.
Independentemente do destino ter juntado os dois e agora eles decidirem que serão sempre um só, nada parece ser por acaso e o que descobrimos é uma ligação muito importante entre eles que é aquela que todos pensam ser a vilã do anime, mas, de novo, nada é o que parece ser.
Quando Clair, estranhamente, entra em Shuichi, eles se tornam um único ser que divide sentimentos, pensamentos e um contato muito íntimo, mas essas emoções que os ligam, mesmo parecendo semelhantes, mostra também que além de diferentes em personalidade, eles também se diferenciam pelo que possuem por dentro em relação a tudo que os cercam.
Toda a história, em um geral, traz diversas reflexões muito profundas sobre os seres humanos e o exageiro das emoções e dos desejos que os levam a cometer atos insanos. O alienígena, por exemplo, quando descobrimos suas verdadeiras intenções, percebemos que nada daquilo é realmente culpa dele. A humanidade sucumbe sozinha e ela só precisa de um gatilho que pode ser qualquer coisa, desde oferecer a concretização dos seus desejos mais profundos, até a perspectiva de “cura” dos males do mundo. E assim vemos a reprodução visual daquela velha frase “os fins justificam os meios“.
Dessa maneira, para quem se deixa levar pela experiência de Gleipnir e pela forma como as ações são conduzidas, percebe-se que tudo foi montado propositalmente para que a vivência daquelas sensações e emoções seja de maneira muito imersiva, sobretudo nos momentos em que a Clair se adentra na forma de fantasia do Shuichi. Não sei as outras pessoas, mas eu fiquei com muita agonia nessas cenas, mesmo que a intenção tenha sido mais sexual do que viceral, ainda não conseguia olhar fixamente quando acontecia.
Inclusive, falando sobre o tema da sexualidade, o anime demonstra um ecchi de uma maneira exacerbada, tanto um pouco explícito, quanto subjetivamente. Pode-se notar as maneiras sutis, por exemplo, em como Clair entra dentro da fantasia Shuichi, fazendo-o gemer e com piadas como “serei gentil“, “estou entrando“, mas as mais explícitas estão, também exemplificando, nas carícias do alien a seu próprio corpo transformado em Clair ou no tenso episódio 6 que dispensa comentários e explicações. Somos, então, bombardeados de conotações sexuais o tempo inteiro, sem nenhuma intenção literal, mas de uma forma tão figurativa que beira a figuração.
Mas essa dualidade de exposição também é usada no nível da violência, porque ao mesmo tempo que ela é viceral, a censura atenua o impacto e deixa menos desagradável aos olhos. Tudo em meios termos, mas ainda no seu conteúdo mais sexual, o anime se supera ao inserir a cada 10 minutos essas conotações sexuais e pegadas em corpos femininos de maneira sensual.
De qualquer maneira, o que mais me fascinou em Gleipnir é como a história conseguiu se manter alinhada até o clímax e a origem de todo o caos. Começamos pensando se tratar apenas de uma disputa entre pessoas com poderes que querem se tornar normais ou alcançarem seus maiores desejos, até que os episódios finais trazem um plot twist igualmente amargo e revelador.
Muito se revela sobre a natureza humana e como nada é totalmente preto ou totalmente branco. Os sentimentos humanos tornam em cinzas e fazem eles cometerem loucuras pelo que acreditam ser o “melhor“, como se suas atitudes fossem justificáveis e aí a bola de neve que se formou foi apenas por conta de atos pelo “bem maior“. Shuichi achou que não fosse o protagonista, que seu poder se originou por ser fraco e precisasse de alguém para “preencher seu vazio“, mas no decorrer dos episódios vamos entendendo tudo conforme as peças são dispostas sobre a mesa e se encaixam de alguma forma.
No entanto, infelizmente a temporada se encerra deixando várias lacunas a serem preenchidas. Queremos saber mais sobre o verdadeiro poder de Shuichi que tivemos um breve vislumbre na metade dos episódios, também precisamos de respostas sobre o passado de toda a história que se desenrola e como os novos personagens estão intimamente ligados ao destino de Shuichi.
Infelizmente não temos previsão de uma nova temporada, mas o mangá está disponível para os mais curiosos e ansiosos como eu, só assim para termos as respostas que queremos.
Então deixem nos comentários o que vocês acham sobre este anime e quais do mesmo estilo podem ser recomendados, sem esquecer também de compartilhar em suas redes sociais para alcançarmos mais o público.
deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.