Hoje falaremos sobre um anime que ganhou uma certa relevância na época de seu lançamento. Death Parade, com 12 episódios, foi uma animação singular do ano de 2015 feita pela Madhouse que, antes mesmo de sair oficialmente, ganhou um pequeno OVA de apresentação para sua história intitulado de Death Billiards (2013).
Assim, para quem não conhece, vamos explicar brevemente o seu enredo. Em Death Parade acompanhamos as curtas histórias de pessoas que morreram, por algum motivo, e foram parar em QueenDecim, onde são desafiadas a jogar algum jogo aleatório (sempre em duplas) valendo sua própria vida. O que essas pessoas não sabem é que elas já estavam mortas antes de cair naquele local (mas eles nunca lembram de imediato) em que vivem juízes que decidem quem vai reencarnar e quem vai para o vazio.
É dessa forma que passamos pelos breves episódios que nos mostram todas as mazelas e os arrependimentos humanos que, de certa forma, sempre possuem algo que “deixou para trás” e que não pode morrer sem dar aquela “virada” em sua vida. São inúmeros personagens, sendo casais já formados, ou não, que enfrentam seus medos e angústias em um jogo de vida ou morte, até se lembrarem do que realmente aconteceu com eles.
O melhor desse anime é que ele consegue explorar muito bem as emoções de humanos que estão com suas vidas em perigo, onde até os mais “bonzinhos e gentis” se transformam em verdadeiros “monstros” que preferem sacrificar o outro a ter que morrer. E isso pode acontecer até com casais recém-casados, como vimos no primeiro episódio. É no momento de sua morte que os seres humanos se mostram como realmente são, sempre jogando o seu desespero em cima do próximo.
E é, justamente, com esse momento do desespero humano que os juízes do lugar se pautam para que o jogo se defina justo. A regra é que eles não podem interceder para o lado dos humanos, mas eles possuem um sistema em que podem interferir com a dinâmica do jogo para que fique cada vez mais impossível e tenso de se resolver.
São muitas personalidades e histórias diferentes que passam por ali, mas todos possuem uma morte bem específica que reflete um pouco do karma de sua vida. Além disso, os juízes são bem legais e parecem mais humanos do que aparentam, pois eles conseguem entender, da maneira deles, os sofrimentos e o que essas pessoas estão passando, embora ainda precisem cumprir sua função.
Não quero soltar muitos spoilers aqui, porque alguns elementos principais do anime vamos descobrindo no decorrer dos episódios, mas o fundamental de se entender é esse jogo de destinos em que o resultado depende de quem está competindo e de como essas pessoas reagem. Quando são casais que se conhecem, percebemos que o conceito de “sacrifício” é muito mais profundo, onde são os que amam verdadeiramente aqueles que abrem mão do próprio destino pelo outro. É tudo muito tocante e bem interessante de se acompanhar, sobretudo entre desconhecidos que nunca se viram antes e precisam disputar quem vive e quem morre.
Logo, apesar de tudo ser disputado em jogos aleatórios, os juízes também possuem autonomia para ditar algumas regras quando acharem necessário, por exemplo em casos onde o humano cometeu um assassinato em vida. Isso, pois o medo é a emoção mais primitiva do homem, juntamente do instinto de sobrevivência. Portanto, os juízes foram criados para extrair a escuridão da alma humana de alguma forma que seja justo no momento de julgá-los no seu destino final.
O propósito desses jogos é, justamente, fazer com que esses seres humanos se conheçam verdadeiramente e se autoanalisem sobre suas vidas passadas para, só assim, o desespero e a angústia tomá-los de modo a desejarem nunca terem morrido. Eles são colocados em situações extremas para se manifestarem em ações impensadas.
E por estarem sem suas memórias logo que chegam, é apenas à medida que o jogo vai se desenvolvendo que eles vão recuperando alguns fragmentos e montando suas lembranças da forma que acham ser o certo. Até que o jogo acaba, eles se lembram de tudo e o juiz revela toda a verdade. São essas memórias recuperadas em flashbacks que os atormentam cada vez mais durante as partidas, pois eles começam a se lembrar do que “vale à pena viver” e que algo muito ruim está acontecendo.
Segundo o próprio anime, essas memórias são enterradas devido ao choque da morte e são os jogos que as fazem revivê-las, levando essas pessoas às situações desesperadoras na busca pela sobrevivência, até, finalmente, chegarem à conclusão de que foi tudo em vão, afinal eles já estavam mortos o tempo inteiro.
E, além de tudo isso, a trilha sonora é fenomenal, indo desde sua opening vibrante (que, na verdade, não reflete diretamente o tom mais sombrio do anime), até uma ending que mexe conosco por misturar as angústias e os diversos sentimentos dessas pessoas em meio às fotografias de sua vida passada e, agora, perdida.
É muito importante também dizer que uma parte do plot principal está toda focada nos juízes que não podem ter nenhum fragmento, o mínimo que seja, de sentimentos humanos. Isso faz parte das regras e baseia todo o sistema justo de julgamento.
Por isso, a real intenção do anime é nos mostrar que é impossível ser totalmente frio e imparcial quando o assunto é julgar emoções humanas. É tudo complexo e profundo demais para se entender, porque as inúmeras nuances da vida das pessoas as moldam intimamente e completamente com o passar do tempo. Não se pode resumir um humano apenas na sua reação diante de uma situação desesperadora, porque, como eu disse, o medo é a emoção humana mais primitiva. As pessoas possuem esse instinto nato de sobrevivência e, por isso, é complicado demais basear um julgamento através das reações humanas instintivas, talvez até por esse fato os juízes tenham acesso à todas as memórias de cada um, mas ainda assim continua sendo complicado.
Em resumo, Death Parade é um excelente anime (e com um design de animação maravilhoso também, sobretudo para a época) que merecia muito mais destaque atualmente, nos fazendo refletir muitas coisas e abordando as emoções humanas com muita profundidade, valendo também uma nota muito maior pelo seu final perfeito e doloroso.
Agora deixem aqui nos comentários se já ouviram falar desse anime ou se já viram e também o que acharam sobre toda a história para que mais pessoas o conheçam.
Vai madhouse reage, faz uma 2° temp de death parade