Há um tempo eu li o primeiro capítulo de Jagaaan, mangá escrito por Muneyuki Kaneshiro e ilustrado por Kensuke Nishida. Eu havia achado bastante interessante, porém bem peculiar. Agora, eu voltei ao mangá e o reli, só que dessa vez li o primeiro volume da obra. E declaro que o mangá continua “bizarro”, mas com uma mensagem atraente que antes eu não tinha percebido. Uma visão sobre a vida e a felicidade.
Como geralmente costumo comentar, todas as obras possuem uma mensagem a ser transmitida. Para que tal informação seja entregue, é necessário que haja uma análise e também uma vontade de querer compreender o que o autor quis passar com seu trabalho.
Com Jagaaan não é diferente. Soterrado por várias camadas de elementos estranhos e uma grande ficção, tem-se uma ideia sobre questões normais da vida real. E é exatamente sobre isto que este texto se trata. Todavia, talvez para você possa não fazer sentido, uma vez que cada um possui uma interpretação diferente das coisas.
Mas antes de comentar sobre a mensagem empregada no mangá, do que se trata Jagaaan?
O policial desprezado
Shintarou Jagasaki, o protagonista desta história, é um policial. Porém, ele não tem toda aquela moral que estamos habituados a ver. Muito pelo contrário. Jagasaki é constantemente inferiorizado pelas pessoas da sociedade e também por colegas de trabalho.
Aliás, embora sofra todas essas discriminações, o homem é uma pessoa bastante prestativa e dedicada àquilo que faz. Isso abre margem a interpretações de que ele é alguém com muita resiliência e que enfrenta seus desafios de peito aberto. A verdade é que é muito o contrário disto.
Jagasaki vive por baixo de uma máscara social, fingindo ser quem não é. E este é um ponto bastante importante do personagem. O rapaz fantasiava inúmeras vezes com a morte, pois para ele, isso é o mais próximo da felicidade. Ademais, ele também odeia sua vida. Algo que nem precisava ser comentado aqui.
Por fim, todos os dias, ele sonha com um futuro diferente, sem monotonia. E isto não significa que a vida dele é péssima, o que possivelmente justificaria a falta de desejo dele pela vida. Ele tem uma vida aparentemente agradável. O problema real desta equação é justamente o próprio Jagasaki.
A transformação do personagem
Em um dia comum como todos os outros, Jagasaki parte para o trabalho de salvar a vida de uma pessoa que estava ameaçando se suicidar. Logo, ele precisou falar palavras de alento para que subvertesse a situação. Foi um momento “enfim, a hipocrisia”, mas que deu certo.
Após salvar a vida desde homem, Nagasaki o leva para dentro do vagão de trem, a fim de deixá-lo em segurança em uma outra estação. Porém, é nesse momento que o mangá toma um rumo diferente e drástico. Um homem se transforma em um monstro bizarro. Mais para frente descobrimos que existem vários desses bichos, e que são chamados de Sucumbidos.
Depois de vivenciar um momento tenso, onde todos do vagão acabam morrendo, Jagasaki também é atingido. Porém, de forma intempestiva, o braço dele se transforma numa espécie de arma e com ela aniquila o monstro que havia causado todo aquele estrago. Finalmente, descobrimos que Jagasaki também é um Sucumbido, mas em fase de transformação.
Quando tudo se acalma, uma coruja falante chamada Dokurito explica toda a situação para ele. Claro que algumas perguntas ainda ficam no ar, mas eu não me atrevo a questionar, até porque li somente o primeiro volume. Talvez sejam questionamentos que as respostas são reveladas nos volumes posteriores.
A felicidade encontrada por Jagasaki
Enquanto conversava com Dokurito, Jagasaki descobre que agora ele, como um Sucumbido, tem a tarefa de matar esses seres, juntamente com a coruja falante. Por mais que tudo isso fosse informação demais para ele e as coisas que acontecem futuramente façam do cenário algo aterrorizante, ele sente que finalmente está vivo.
A ideia de Jagaaan é denotar que uma vida regular, sem grandes novidades, evoca aquela sensação de tristeza e desânimo. A partir do momento em que se busca o novo, algo que nunca antes foi vivido, a vida ganha um novo significado. E para Jagasaki, se transformar em um monstro e viver uma realidade alternativa, devolveu a ele o vigor necessário para viver a vida.
Por fim, os eventos do mangá foram contados de forma sintetizada aqui neste texto. De fato existem muito mais coisas a serem analisadas e explanadas. Dito isto, caso você queira entender mais sobre a história de Jagaaan e também de alguns pormenores, como o que são os Sucumbidos, como eles se propagam, você pode ouvir o podcast abaixo. Nele, tudo é explicado.
O que achou de Jagaaan? Conhecia este mangá? Deixe sua opinião nos comentários.
Por toda descrição que foi dada no artigo, sobre o protagonista, o enredo, plano de fundo, parece muito uma releitura de Parasyte.
Esse lance de ter seres bizarros escondidos como humanos, de ele ter um braço que se transforma, ele em si ser um monstro em transformação, e usar isso pra caçar e matar outros “semelhantes”, tudo lembra muito a saga do Shinichi e Migi. Talvez as motivações e o protagonista em si não se pareçam tanto, mas todo o resto me lembrou bem.
Na real essa questão de caçar os ”semelhantes” logo é deixada de lado pra focar no desenvolvimento mais íntimo dos personagens e suas motivações, envolve muito a questão dos desejos de mudança e da não adequação ao mundo